O mais recente boletim epidemiológico da Direção Nacional de Saúde Pública, com dados entre 11 e 26 de julho, revela quatro novos casos confirmados de mpox, todos no distrito de Lago, na província do Niassa, elevando para 17 o número total de infetados. O relatório assinala ainda 26 pessoas em isolamento e nove novos casos suspeitos, incluindo um em Maputo.
Além disso, as autoridades de saúde estão a seguir 63 contactos diretos, com os testes a decorrer localmente. Até ao momento, não há registo de óbitos associados a este surto.
Segundo Filipe Murimirgua, coordenador do Centro Operativo de Emergências em Saúde Pública (COESP), o país está “preparado para lidar com o surto”, com uma capacidade atual de 4.000 testes, dos quais mais de 80 já foram utilizados.
“Temos uma boa capacidade de testagem, pelo menos para o nosso país, está garantida”, assegurou Murimirgua à Lusa.
O atual surto está concentrado em Lago, junto às fronteiras com o Maláui e a Tanzânia, e todos os casos estão clinicamente estáveis. Ainda assim, as províncias estão em alerta máximo, dado o potencial de alastramento da doença.
Murimirgua destaca que a resposta nacional melhorou em relação ao surto de 2022, graças à detecção precoce e à colaboração com países vizinhos como o Maláui, cuja cooperação foi considerada essencial para o sucesso da identificação de casos.
A mpox (anteriormente conhecida como monkeypox) é uma doença viral zoonótica, identificada pela primeira vez em 1970 na República Democrática do Congo. Desde 1 de janeiro de 2024, a África Austral já contabilizou 77.458 casos e 501 mortes em 22 países.
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Comprar um espaço para minha empresa.Moçambique registou o primeiro caso da doença em outubro de 2022, em Maputo. Desde então, o país investiu significativamente no fortalecimento da sua capacidade laboratorial. Atualmente, é possível testar em todas as capitais provinciais, o que permite uma resposta mais rápida e eficiente.
“Há uma capacidade enorme de testagem. Diria que ainda é subutilizada. Todos os casos suspeitos são testados e conseguimos dar os resultados em tempo útil”, referiu o responsável do COESP.
O surto continua localizado no distrito de Lago, mas a contenção dependerá, segundo Murimirgua, da colaboração da população. “Se tivermos essa colaboração, penso que ainda há condições de contermos o surto naquela região.”
No terreno, as equipas de saúde pública realizam ações de sensibilização, com foco no comportamento das pessoas com sintomas leves, que, muitas vezes, não se isolam devidamente.
“Só tem lesões na pele, febre de vez em quando, não está grave para ficar em casa. Então continua a fazer a sua vida normal”, explicou Murimirgua, sublinhando que a comunicação de risco é uma prioridade no combate ao mpox.
O país conta atualmente com capacidade de diagnóstico, espaços para isolamento domiciliar e hospitalar e uma estratégia ativa de envolvimento comunitário.
“Estamos confiantes. Temos capacidade diagnóstica, de isolamento e, acima de tudo, comunicação com as comunidades”, concluiu o coordenador do COESP.