Muitos artistas expressam-se através ou fora da sua música. Ouvimo-los todos os dias e somos, portanto, confrontados com as suas opiniões. Será isto uma coisa boa?

Compromisso para o artista

Em primeiro lugar, o empenho de um artista tem consequências positivas. Pode fortalecer o amor das pessoas pelo artista. Quando alguém partilha a mesma opinião que o artista, isto instintivamente cria uma paixão ainda mais forte. O publico sente-se ainda mais próximos do artista e quere seguir mais o seu trabalho. Além disso, pode trazer-lhe visibilidade porque, ao envolver-se, o artista permite um meio de identificação. Pode também trazer-lhe um novo público que não o conhecia antes, mas que, graças às suas palavras, despertou interesse. Finalmente, para um artista, expressar-se sobre assuntos mais sérios pode dar mais credibilidade ao seu trabalho.

Inversamente, um forte empenho pode levar a um desprendimento de uma parte do público que discorda das suas ideias. Isto é ainda mais inevitável se a sua comunidade for grande. Além disso, falar com ideias que vão contra a essência da maioria dos meios de comunicação pode ser perigoso. De facto, temos testemunhado em muitas ocasiões o fenómeno do cancelamento que exige um boicote. Assim, o artista pode encontrar-se preso entre críticos não do seu trabalho mas da sua pessoa. Sem mencionar que a expressão de ideias políticas, sociais ou filosóficas também pode desvalorizar o valor artístico da obra.

Compromisso com a sociedade

É óbvio que à primeira vista, ouvir música é principalmente para entretenimento ou distracção. Muitos ouvintes concordam que o que procuram é acima de tudo uma experiência através da musicalidade ou timbre da voz. Pode-se ver que apreciam ainda mais a emoção produzida pela sensibilidade do artista. O público, embora apreciando o artista, é inicialmente um fã do seu trabalho antes de o conhecer como indivíduo.

No entanto, seria ingénuo dizer que nas nossas sociedades modernas o público não tem qualquer interesse no que o artista representa. De facto, com a influência que as celebridades têm, só podemos dizer que o que elas representam importa. Actualmente, estas figuras públicas são sinónimos de símbolos e reflectem uma imagem. Assim, tudo o que os artistas transmitem permite a sua identificação com o público. Os valores ou ideias que partilham fazem delas modelos ou exemplos concretos aos olhos do público. Esta é uma das razões para a criação de grupos de fãs que podem encontrar pontos em comum entre eles.

Os contras do seu Compromisso

Os artistas empenhados são, como mencionado acima, celebridades, e por isso possuem um poder de influência. No entanto, a sua capacidade de exercer este poder pode ser vista como incongruente quando se trata de ideias políticas ou filosóficas. O seu trabalho é visto principalmente como um meio de emancipação da vida quotidiana, e não como uma âncora. Além disso, a utilização deste poder para se expressarem mais do que cidadãos com menos influência pode ser vista como um privilégio injustificado. De facto, a maioria dos artistas empenhados não tem qualquer perícia particular no debate social, o que pode levar à circulação de informação não-construída.

Porque é que o seu envolvimento é positivo

Estes artistas empenhados são, acima de tudo, cidadãos. Como tal, eles têm a mesma liberdade de expressão que o resto de nós. Portanto, se forem influenciados pelo mundo à sua volta, parece natural que isto tenha um impacto no seu trabalho. Ser um artista é fazer passar mensagens através da arte. Não é, portanto, surpreendente que o que pensam sobre a sociedade se reflicta no seu trabalho. De facto, a arte do artista pode ser vista como uma parte dele.

Além disso, a maioria das celebridades que se pronunciam sobre estas questões da sociedade estão frequentemente directamente interessadas. É o caso, por exemplo, da cantora Beyoncé, que tem dedicado numerosas canções a causas comprometidas. Um exemplo é a Formação, na qual ela apoia a causa negra, da qual ela própria faz parte. A inspiração para os artistas vem, não surpreendentemente, do que eles sabem e do que lhes interessa.

Finalmente, o engajamento é também uma forma de abordar questões cruciais que dizem respeito a várias pessoas. Encoraja a reflexão e a sensibilização por parte do público. É também uma forma de sensibilizar as pessoas que normalmente não têm a oportunidade de se exprimir sobre estes temas. No entanto, o artista não é obrigado a ser neutro e não obriga ninguém a seguir o seu ponto de vista. Finalmente, é sobretudo uma oportunidade de abrir debates e de falar sobre assuntos sobre os quais não devemos fechar os olhos. Para que uma sociedade progrida, deve fazer-se perguntas a si própria. O tempo livre é na verdade uma óptima forma de pensar.

Diga-nos quem é o seu artista empenhado preferido!