Ciências: Crânios deformados, uma dor de cabeça para arqueólogos

A deformação voluntária dos crânios é uma prática muito comum que pode ter tido várias motivações.

Há mais de duzentos anos que eles têm sido o material da fantasia. Desde o século XIX, algumas pessoas até acreditam que esqueletos com crânios alongados são os de extraterrestres…

Uma prática encontrada na Borgonha


No entanto, a deformação voluntária dos crânios é uma prática muito comum. Embora o continente americano tenha o maior número de casos, desde os caçadores-colectores da Mesoamérica no 8º milénio a.C. até às Shamas dos Andes centrais no século XX, também se encontra na China, Oceânia, África e Ásia Central… “E mesmo na Borgonha, onde os esqueletos borgonhenses do século V são deformados desta forma. Mas também na região de Toulouse”, nota Jérôme Thomas, antropólogo da Universidade de Montpellier 3.

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Uma via está a atrair cada vez mais a atenção dos investigadores


Qualquer que seja a latitude, são tradicionalmente apresentadas duas explicações para esta estranha prática: o desejo de uma elite de se distinguir do resto da comunidade, e o desejo de se diferenciar de outros grupos étnicos. No entanto, uma terceira explicação está cada vez mais a ser considerada pelos investigadores. Este costume pode ser interpretado de um ponto de vista religioso”, diz Jérôme Thomas. Na América do Sul, foi considerado que uma força vital, o animu, circulava no corpo e podia escapar através da cabeça, particularmente na altura da morte. Contudo, nas crianças, a fontanela não está completamente fechada. Envolver o crânio em ligaduras ou tábuas de madeira impediu a alma de escapar.

Esta conotação religiosa não se perdeu com os conquistadores. “No século XVIII, destruíram os berços utilizados para deformar os crânios das crianças, porque as consideravam como objectos idólatras”, diz o investigador. Em ligação com esta dimensão espiritual, estudos associam os crânios alongados dos maias à forma do milho, a sua planta alimentar, e os do Collaguas, um povo pré-Inca do vale do Colca no Peru, com um vulcão que eles consideravam ser o seu deus tutelar.

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