Corrupção: Procurada por Angola, Isabel dos Santos leva uma vida de “fugitiva tranquila” no Dubai

A bilionária, filha do ex-presidente angolano, é alvo de um mandato de captura internacional e refugiou-se nos Emirados Árabes Unidos, onde beneficia de um “visto de ouro” e de uma lei que a protege. No entanto, as acusações contra ela em Angola e Portugal são pesadas, de acordo com os meios de comunicação nestes dois países.

Outrora considerada “a mulher mais rica de África” pela revista Forbes após os 38 anos de reinado autoritário e nepotista do seu pai (que morreu em Julho), a antiga “princesa” de Angola é agora objecto de um mandato de captura internacional, relata o Jornal de Angola. Um mandado solicitado à Interpol pelo Procurador-Geral da República, Hélder Pitta Grós, por fraude contra o Estado, branqueamento de capitais e associação criminosa.

“Os seus bens: a lei federal do Dubai e a cidadania russa”

Isabel dos Santos é suspeita de desviar fundos da companhia petrolífera estatal Sonangol, que dirigiu antes de João Lourenço, que está numa cruzada anti-corrupção, suceder ao seu pai como presidente. Mas dos Emirados Árabes Unidos, onde goza de um “visto de ouro”, Isabel dos Santos não parece estar preocupada, relata Visão: “Aos processos que enfrenta, a empresária responde com posts na Instagram e no Twitter, entrevistas, e conta com dois bens: a lei federal do Dubai e a cidadania russa”.

De facto, o tratado de extradição assinado em 2006 entre a Rússia e Angola é claro: nenhuma das partes extradita os seus cidadãos. O emirado, por seu lado, pode recusar-se a entregar uma pessoa a um país estrangeiro se houver razões para acreditar que será aí perseguido e não terá direito a um julgamento justo. Esta é precisamente a estratégia de defesa da bilionária.

Numa entrevista exclusiva concedida na terça-feira 29 de Novembro ao canal português CNN, de um local não revelado, Isabel dos Santos disse que foi vítima de “lei”:

“Não há dúvida de que estamos perante um cenário de perseguição política […]. O Procurador-Geral recebe as suas ordens directamente do Presidente Lourenço […]. O único lugar onde não estou a salvo é Angola”.

“A verdade é mais complexa”

Uma entrevista “fraca”, de acordo com o jornal angolano Folha 8, “por culpa do jornalista”, considerada demasiado consensual. No entanto, o órgão de comunicação social independente disse que a empresária de 49 anos, que está a considerar concorrer à presidência de Angola, “acusa justificadamente João Lourenço de não respeitar a separação de poderes e de influenciar o sistema judicial”.

Finalmente, o Jornal de Negócios recorda que, na sequência das revelações das fugas de Luanda no início de 2020, o gestor das contas de Isabel dos Santos no banco português EuroBic, Nuno Ribeiro da Cunha, cometeu suicídio. Desde então, a bilionária tem sido objecto de dois processos penais, em Angola e Portugal. O editor adjunto do diário interroga-se:

“Isabel dos Santos só agora tomou consciência da existência de corrupção no MPLA [Movimento Popular para a Libertação de Angola, o partido no poder desde a independência em 1975]? Porque demorou dois anos para que o Procurador-Geral da República solicitasse um mandado de captura internacional? Há factos que causam espanto e tornam a verdade mais complexa”.

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