Quarenta e duas famílias vítimas do terrorismo na província de Cabo Delgado recomeçam suas vidas no distrito de Nicoadala, província da Zambézia, em meio a várias dificuldades.
Algumas famílias produzem blocos de barro e buscam capim no mato para cobrir as respectivas casas.
Ter habitação é a palavra de ordem naquele distrito. Desde que as famílias começaram a chegar a Nicoadala, o Instituto Nacional do Gestão de Calamidades (INGC) tem estado a distribuir alimentos, utensílios de cozinha e tendas para abrigo.
O jovem Elias Jacob fugiu de Muidumbe, onde deixou os pais, para Nicoadala. Segundo ele, os terroristas matam sem piedade, destroem bens das pessoas sem razão aparente.
“Cheguei na província da Zambézia há sensivelmente dois meses. Por falta de condições, outras famílias permaneceram em Muidumbe, mas há sempre comunicação por telefone”, contou a fonte, acrescentando que o medo ainda paira e deixa tudo nas mãos de Deus. Elias Jacob tem, contudo, esperanças de um dia voltar a rever os seus pais.
Maria Luís é outra deslocada de Mocímboa da Praia, onde as acções dos terroristas são intensas. Ela explicou ao “O País” que aquele distrito está irreconhecível. O grupo armado tomou e destruiu a vila.
A directora regional centro do INGC, Lurdes Daniel, visitou os deslocados, viu de perto as condições em que vivem e apelou à boa convivência entre as famílias e as autoridades locais.
“Impressiona-me o facto de as famílias por si só avançarem para a construção das suas casas. Isso é bastante positivo e encoraja-nos. Compreendemos que elas são deslocadas e perderam tudo, mas é fundamental que tenham esperança, pois o Governo está a fazer de tudo para devolver Cabo Delgado a normalidade que merece”, disse a responsável.
Lurdes Daniel referiu igualmente que a instituição que dirige vai continuar a prestar apoio necessário às famílias, fundamentalmente alimentação.
Além de Nicoadala, mais pessoas de Cabo Delgado continuam a chegar em diferentes distritos da Zambézia.
Por: O País