Um trabalhador agrícola branco da África do Sul, Adrian de Wet, de 20 anos, afirmou que foi forçado a alimentar porcos com os corpos de duas mulheres negras, segundo informações fornecidas pelos seus advogados durante o julgamento que decorre na província de Limpopo.
De Wet é um dos três homens acusados do homicídio de Maria Makgato, de 45 anos, e Lucia Ndlovu, de 34, que terão sido mortas em 2023 quando procuravam alimentos numa exploração agrícola nas proximidades de Polokwane.
Segundo o Ministério Público, as mulheres procuravam produtos lácteos prestes a expirar, que eram frequentemente deixados para os animais da quinta, quando foram surpreendidas. O corpo de acusação indica que Zachariah Johannes Olivier, proprietário da quinta, disparou mortalmente contra ambas, e os corpos foram posteriormente lançados numa pocilga como forma de ocultar as provas do crime.
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Comprar um espaço para minha empresa.Versão da acusação: execução sumária e ocultação de cadáveres
Durante a abertura do julgamento, Adrian de Wet declarou-se testemunha do Estado, afirmando que atuou sob coação. O jovem, que era supervisor da quinta, alega ter sido forçado a lançar os corpos no recinto dos porcos, segundo os seus advogados e o Ministério Público.
Se o tribunal aceitar o seu testemunho como válido, todas as acusações contra ele poderão ser retiradas.
Três arguidos, múltiplas acusações
Além de De Wet, William Musora, de 50 anos, trabalhador agrícola de nacionalidade zimbabueana, e Zachariah Olivier, de 60, proprietário da quinta, também estão acusados de homicídio. Nenhum dos dois apresentou ainda uma declaração formal de culpa e permanecem detidos preventivamente.
Os três enfrentam ainda acusações de tentativa de homicídio, por alegadamente terem disparado contra o marido de Lucia Ndlovu, que acompanhava as vítimas no momento do ataque. Há também acusações de posse ilegal de arma de fogo e obstrução à justiça devido ao alegado esforço deliberado de destruição de provas.
Musora enfrenta ainda uma acusação adicional ao abrigo da Lei de Imigração da África do Sul, por se encontrar no país em situação irregular.
Tensões raciais agravadas e presença de apoiantes no tribunal
O caso provocou uma onda de indignação em todo o país, especialmente nas zonas rurais, onde persistem desigualdades marcantes herdadas do regime do apartheid, terminado há mais de três décadas. A maioria das terras agrícolas continua nas mãos da minoria branca, enquanto a força de trabalho é, em grande parte, negra e mal remunerada, o que alimenta sentimentos de frustração e injustiça.
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Anuncie aqui: clique já!A audiência no Tribunal Superior de Limpopo foi acompanhada por familiares e apoiantes das vítimas, assim como pela esposa do arguido Olivier, visivelmente emocionada na primeira fila do público.
Membros do partido de oposição Economic Freedom Fighters, que já havia exigido o encerramento da quinta, também marcaram presença na sala de audiências.
O julgamento foi adiado para a próxima semana.