Pelo menos trinta soldados malianos morreram no domingo, 1 de junho, na sequência de um ataque sangrento no centro do Mali, segundo fontes militares. No dia seguinte, as forças armadas anunciaram a neutralização de catorze atacantes jihadistas, após uma ofensiva coordenada contra um campo militar e o aeroporto de Tombuctu, no norte do país.
De acordo com o estado-maior, os soldados conseguiram frustrar uma tentativa de infiltração de combatentes terroristas tanto no campo militar como no aeroporto da cidade. Tombuctu, que esteve sob controlo jihadista em 2012, foi novamente palco de intensos confrontos armados na manhã de segunda-feira. A operação começou por volta das 10h00 (meio-dia em Paris), tendo resultado na captura de 31 presumíveis terroristas.
As autoridades locais confirmaram o lançamento de obuses contra o aeroporto, situado a cerca de dois quilómetros da cidade, e indicaram que a situação está « sob controlo ». Vários disparos foram ouvidos ao longo do dia, conforme relataram militares, representantes locais e habitantes contactados pela AFP.
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Comprar um espaço para minha empresa.Segundo fontes de segurança, os atacantes estavam espalhados pela cidade, embora não tenham entrado no aeroporto, onde se encontram destacados elementos russos. Um responsável local explicou que os jihadistas chegaram com um veículo carregado de explosivos que detonou nas imediações do campo militar.
O Mali enfrenta uma grave crise de segurança desde 2012, marcada por ataques de grupos jihadistas ligados à Al-Qaida e ao Estado Islâmico, bem como por conflitos entre milícias locais.
Durante a ocupação de Tombuctu em 2012, os extremistas destruíram parte dos mausoléus classificados como Património Mundial da UNESCO. A cidade foi libertada em janeiro de 2013 sem combate, graças à intervenção francesa através da operação « Serval ». Contudo, desde os golpes de Estado de 2020 e 2021, o exército maliano rompeu laços com a França e passou a colaborar com a Rússia.
A ofensiva de segunda-feira surge um dia após outro ataque violento contra o campo de Boulikessi, no centro do país. « Perdemos pelo menos trinta soldados, e há outros desaparecidos », afirmou uma fonte de segurança em Bamako. Um responsável local, sob anonimato, falou em pelo menos sessenta militares mortos.
A mesma fonte indicou que o número total de vítimas, incluindo mortos, desaparecidos e reféns, poderá atingir a casa das sessenta. A resposta do exército foi descrita como vigorosa, com vários combatentes a lutarem até ao fim, de acordo com comunicado oficial. Os militares também garantem que as operações seguintes permitiram eliminar vários terroristas em locais de retirada.
O Grupo de Apoio ao Islão e aos Muçulmanos (GSIM), que opera desde o Mali, já tinha reivindicado em setembro de 2024 uma ofensiva de grande escala que visou simultaneamente um quartel da gendarmaria e um aeroporto militar em Bamako. A capital tem estado relativamente poupada deste tipo de ataques.
Observadores internacionais acusam frequentemente os grupos jihadistas e as forças armadas malianas associadas ao grupo russo Wagner de cometerem abusos contra civis durante as operações militares.