O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou esta quinta-feira que os esforços do seu governo para negociar com os Estados Unidos a respeito da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada por Donald Trump foram ignorados por Washington.
Durante discurso no Vale do Jequitinhonha, uma das regiões mais pobres do Brasil, no estado de Minas Gerais, Lula lamentou a falta de resposta formal por parte da Casa Branca:
“O Brasil está acostumado a negociar. Já tivemos dez reuniões com os Estados Unidos. No dia 16 de maio, enviámos uma carta solicitando esclarecimentos sobre as propostas que fizemos”, afirmou.
Segundo o presidente, não houve resposta oficial, apenas uma publicação de Trump na sua rede social Truth Social, no dia 9 de julho, confirmando a imposição da tarifa a partir de 1 de agosto.
Trump liga tarifa ao julgamento de Bolsonaro
A nova política comercial foi anunciada em meio ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado próximo de Trump, no Supremo Tribunal Federal. O ex-presidente norte-americano classificou o processo como “caça às bruxas”, sugerindo que a tarifa seria uma retaliação.
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Comprar um espaço para minha empresa.O Supremo, no entanto, endureceu sua atuação contra Bolsonaro, autorizando buscas na sua residência e gabinete político, impondo o uso de tornozeleira eletrónica, proibindo-o de usar redes sociais e aplicando outras restrições.
Vice-presidente brasileiro reitera vontade de negociar
Em Brasília, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, revelou ter falado por telefone durante 50 minutos com o secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, no último sábado.
“Reiterei a disposição do Brasil para negociar — essa é a nossa posição”, declarou.
“O Brasil nunca saiu da mesa. Não criámos esse problema, mas queremos resolvê-lo.”
Brasil leva queixa à OMC e alerta para crise global
Na quarta-feira, o Brasil levou o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC), criticando a imposição de tarifas unilaterais sem mencionar diretamente os Estados Unidos ou Trump.
O embaixador brasileiro, Philip Fox-Drummond Gough, alertou para os perigos de tais medidas protecionistas:
“Tarifas arbitrárias, anunciadas e implementadas de forma caótica, estão a prejudicar as cadeias de valor globais e a colocar a economia mundial em risco de entrar numa espiral de preços elevados e estagnação”.
Segundo Gough, os membros da OMC estão a assistir a “uma mudança extremamente perigosa no uso de tarifas como instrumento de interferência nos assuntos internos de países terceiros”.