MozLife

internacional/America: Ramaphosa rompe o silêncio da Casa Branca e abre caminho para nova diplomacia com os Estados Unidos


O Presidente sul-africano Cyril Ramaphosa alcançou um feito diplomático notável ao conseguir uma aproximação com Donald Trump, após meses de ataques verbais e políticos da parte do antigo presidente dos Estados Unidos. Contra todas as probabilidades e resistências, Ramaphosa abriu finalmente as portas da Casa Branca, ultrapassando o bloqueio diplomático imposto por Washington.

Diplomacia tradicional falhou — foi o poder paralelo que venceu

Durante meses, as vias diplomáticas convencionais revelaram-se inúteis. Apesar da postura conciliadora da África do Sul, Washington ignorava sistematicamente qualquer tentativa de diálogo, recusando-se a reconhecer missões oficiais, delegações diplomáticas ou empresariais. Até os aliados históricos do país, que tinham apoiado a luta anti-apartheid, mantinham distância, receando o impacto de uma associação com um país sob ataque direto de Trump.

Um cerco pior que o de Teerão, Havana ou Pequim

O tratamento dado à África do Sul pela administração Trump foi mais severo do que o reservado a países tradicionalmente vistos como inimigos dos EUA, como o Irão, Cuba ou a China. Muito antes de Trump vencer as eleições, já se falava nos corredores do poder norte-americano em sanções contra Pretória.

Biden tentou moderar, mas o dossiê Israel-Gaza complicou tudo

Mesmo com a chegada de Joe Biden à presidência, a hostilidade não desapareceu por completo. Vários congressistas norte-americanos mantiveram a pressão sobre a África do Sul, particularmente devido à sua decisão de levar Israel ao Tribunal Internacional de Justiça por alegado genocídio em Gaza. Além disso, os laços com países como o Irão, China e Rússia continuaram a alimentar tensões.

Johann Rupert: o homem-chave que desbloqueou Trump

Como conseguiu Ramaphosa quebrar este gelo político? Com a ajuda de amigos poderosos, e falando a linguagem que Trump compreende: negócios e influência. Foi Johann Rupert, amigo comum de Ramaphosa e Trump, que organizou o primeiro contacto entre os dois, após as eleições de novembro. Rupert, um influente empresário afrikânder, desmentiu diretamente os rumores de expropriação violenta de terras de brancos na África do Sul, garantindo a Trump que o clima era de estabilidade. Rupert já se encontra em Washington e integrará a comitiva de Ramaphosa.

Elon Musk e a desinformação sobre Starlink

Mas por que razão Trump e Elon Musk têm lançado uma campanha de desinformação contra a África do Sul? A resposta pode estar no interesse de Musk em operar o serviço Starlink no país sem respeitar as leis locais, que exigem que 30% da propriedade das empresas de telecomunicações pertença a grupos historicamente desfavorecidos. A máquina de desinformação afirma falsamente que o governo quer forçar Musk a “ceder 30% da sua empresa”.

Na realidade, Pretória ofereceu alternativas legais, como programas de capital equivalente: formação de jovens rurais em tecnologia, apoio a startups comunitárias e equipamento de escolas com acesso limitado à internet. O curioso é que outros países também impuseram restrições à Starlink, incluindo Índia, Filipinas, Indonésia e até proibições absolutas na Rússia e na China.

A ironia americana com o caso TikTok

O mais irónico? Os Estados Unidos defendem regulamentos semelhantes em seu próprio território. A Lei de Proteção Contra Aplicações Controladas por Adversários Estrangeiros exige que a ByteDance, empresa chinesa dona do TikTok, venda a sua operação nos EUA a uma empresa americana — sob pena de proibição total. A questão chegou ao Supremo Tribunal, mostrando que os EUA também defendem os seus interesses comerciais com firmeza.

Trump quer um acordo — e África do Sul tem cartas para jogar

Trump é conhecido por adotar uma abordagem transacional à diplomacia. Segundo a revista Jeune Afrique, o Departamento de Estado defende agora a supremacia da diplomacia comercial sobre a tradicional, com três prioridades para África: comércio, migração e paz.

Publicidade_Página Home_Banner_(1700px X 400px)

Anuncie aqui: clique já!

Com mais de 75% das reservas mundiais de platina, a África do Sul tem trunfos para propor uma parceria económica vantajosa. Entre as possibilidades estão zonas económicas especiais para empresas americanas, com incentivos fiscais, processos acelerados e proteção jurídica, especialmente nos setores da indústria transformadora, logística, transportes e energias limpas.

Agronegócio e exportações: novas rotas para o Éden

Na agricultura, os produtos sul-africanos como citrinos, vinhos e uvas podem integrar um acordo de exportação preferencial. O agronegócio representa outra via de colaboração mutuamente benéfica, numa lógica de reindustrialização dos EUA e de contenção da influência chinesa em África.

Sem acordo, não há reunião no Salão Oval

Está claro que a África do Sul não pode entrar no Salão Oval de mãos vazias. Ajuda financeira já não está em cima da mesa. Como afirmou um senador americano:

« A África do Sul tem de levar o ganancioso Trump a Canaã ou ao Jardim do Éden! »

leave a reply