A relação entre Donald Trump e Elon Musk, antes marcada por uma aliança forte e apoio financeiro crucial, terminou de forma conturbada nesta quinta-feira, com ambos trocando acusações públicas.

O presidente dos Estados Unidos afirmou em sua rede social Truth Social que encerrou a missão orçamentária liderada por Musk, alegando que o empresário “ficou louco” após uma decisão desfavorável aos veículos elétricos.

Trump ameaçou cancelar subsídios e contratos governamentais da Tesla e SpaceX, empresas controladas por Musk, para economizar bilhões no orçamento federal.

Em resposta, Elon Musk anunciou em sua rede social X que a SpaceX iniciará imediatamente a desativação da nave espacial Dragon, usada pela NASA para transportar astronautas à Estação Espacial Internacional (ISS).

O confronto derrubou as ações da Tesla na bolsa de valores, que fecharam com uma queda acentuada de 14,26%, resultando na perda de dezenas de bilhões em capitalização.

Desde que Musk criticou um mega projeto de lei orçamentária de Trump na semana anterior, a ruptura parecia inevitável. O presidente oficializou o fim da parceria durante uma reunião no Gabinete Oval com o chanceler alemão Friedrich Merz, que permaneceu calado.

Durante o encontro, transmitido ao vivo para jornalistas, Trump declarou estar “muito decepcionado” e questionou se ainda mantém uma boa relação com Musk, que deixou a missão de redução de gastos públicos na Casa Branca em 30 de maio.

Elon Musk, por sua vez, classificou as acusações de Trump como “absurdas” e negou ter conhecimento prévio do conteúdo da lei, que chamou de “abominação” para as finanças públicas.

O empresário, que financiou generosamente a campanha republicana em 2024, afirmou que Trump teria perdido as eleições sem seu apoio e acusou o ex-presidente de “ingratidão”.

Em um ataque pessoal, Musk também insinuou, sem apresentar provas, que o nome de Trump estaria envolvido no escândalo ligado a Jeffrey Epstein, um financista americano envolvido em crimes sexuais, que morreu na prisão antes do julgamento.

No Gabinete Oval, Trump descreveu Musk como um “amante rejeitado” que antes o elogiava publicamente.

“Pessoas deixam nosso governo, amam o que fazemos, mas em algum momento se tornam hostis”, afirmou o presidente.

A entrada estrondosa de Musk na campanha de Trump em 2024 gerou dúvidas sobre a durabilidade da aliança entre dois homens impulsivos e sedentos por atenção.

Inicialmente, a relação parecia sólida, com Trump defendendo Musk contra críticas e promovendo a Tesla na Casa Branca. Musk chegou a chamar Trump de “rei” no dia da posse e usou um boné com a frase “Trump tinha razão em tudo” em um conselho de ministros.

No entanto, as tensões aumentaram, especialmente entre Musk e membros do governo.

Especialistas sugerem que a queda definitiva pode ter ocorrido no Wisconsin, onde Musk apoiou um juiz conservador para a Suprema Corte local, mas quem venceu foi a candidata democrata.

Trump, avesso à derrota, acompanhou atentamente essa incursão política solo de Musk, que, por sua vez, não demonstrou arrependimento e sugeriu a criação de um novo partido político nos Estados Unidos.