Já se perguntou por que razão se sente mais embriagado quando viaja de avião? Separamos os factos da ficção sobre a razão pela qual se pode sentir mais bêbado num avião.

Há muitas razões pelas quais beber num avião parece 10 vezes mais divertido do que ao nível do mar. Há o facto de estarmos em movimento – a ir de férias, a viajar, a explorar, a reencontrar a família – que naturalmente nos faz sentir entusiasmados. Quando se viaja com os amigos, é possível entrar no clima de celebração, querer começar a festa o mais depressa possível e aproveitar ao máximo cada segundo das férias. Há também, mais simplesmente, o facto de ser uma mudança de cenário – não está sentado em casa em frente à televisão, não está no seu bar local, está a viajar a 38.000 pés de altitude a beber a sua bebida preferida entre as nuvens.

Mas, para além do desejo de servir uma bebida após a descolagem, existe alguma verdade no facto de que beber num avião o deixa mais bêbado? Ou será que apenas nos faz sentir mais bêbados do que se estivéssemos com os pés em terra firme? Abaixo, conversamos com Jo Woodhurst, nutricionista e chefe de nutrição da Ancient and Brave, para saber se beber num avião faz com que se sinta mais bêbado.

É possível embebedar-se mais depressa num avião?

As teorias sobre se se pode ou não ficar mais bêbado num avião também andam de mãos dadas com a crença de que se pode ficar bêbado mais rapidamente quando se está no ar. “Esta teoria tem mais a ver com o efeito do oxigénio no nosso sistema, do que com o facto de o álcool ser mais potente ou de o corpo ter mais dificuldade em lidar com ele”, explica Jo. “Quer se esteja ou não num avião, o álcool pode perturbar a absorção de oxigénio na corrente sanguínea. Por isso, estar a uma altitude mais elevada, juntamente com este efeito sobre o oxigénio no sangue, pode fazer com que se sinta mais tonto – pense em tonturas, cabeça leve ou mesmo náuseas.” Isto explica porque é que as pessoas tendem a ficar mais turbulentas mais rapidamente nos aviões – sentem-se bêbadas mais rapidamente e, por isso, começam a agir como se estivessem embriagadas mais cedo do que normalmente o fariam.

Há alguma verdade na afirmação de que se pode ficar mais bêbado num avião?

Há décadas que existe uma cultura de beber nos aviões. Isto deve-se, em grande parte, ao facto de as viagens aéreas terem começado como um luxo; uma forma de as pessoas ricas viajarem e marcarem a ocasião com estilo. Hoje em dia, a cultura da bebida é muito menos venerada e, na maior parte das vezes, a ideia de beber em aviões evoca imagens de despedidas de solteiro desordeiras ou festas de despedida de solteiro demasiado zelosas. Mas será que a crença de que se pode ficar mais bêbedo nos aviões é verdadeira?

“Com toda a honestidade, não há muita investigação sobre esta questão”, admite Jo. Há um estudo da década de 1930 que conclui que o álcool afecta as pessoas de forma diferente a altitudes mais elevadas do que a altitudes mais baixas, no entanto, estudos mais recentes concluíram que não há “qualquer diferença” em termos de teor de álcool no sangue a grandes altitudes.”

Existem outras consequências de se embebedar num avião?

“As principais questões prendem-se com os efeitos secundários do consumo de álcool em geral, juntamente com alguns dos efeitos secundários de viajar de avião”, diz Jo. “Por exemplo, viajar de avião é uma experiência desidratante, e o mesmo acontece com o consumo de álcool, pelo que é ainda mais provável que sofra os efeitos da desidratação. Para além de afetar a pele, o cérebro e o sistema digestivo, a desidratação também tem um impacto no nosso sistema imunitário – e tanto o álcool como o voo em geral podem ser um ataque ao nosso sistema imunitário graças à proximidade de tantas pessoas e ao ar condicionado desidratante.”

Além disso, o consumo de álcool num voo pode ter potencialmente mais consequências do que simplesmente o efeito físico no seu corpo. De acordo com a Autoridade da Aviação Civil, “o comportamento perturbador dos passageiros é uma das principais razões para o desvio de aviões” e pode “afetar a sua segurança e a segurança dos outros passageiros”. Além disso, os passageiros podem ser objeto de um processo civil se manifestarem qualquer comportamento perturbador ou inaceitável, incluindo a recusa de aderir a verificações ou instruções de segurança, linguagem abusiva ou intoxicação excessiva. A ação judicial pode envolver multas (a multa máxima é de £5.000) ou prisão (a pena máxima é de cinco anos) e, de acordo com a CAA, “os passageiros perturbadores podem também ser solicitados a reembolsar a companhia aérea pelo custo do desvio, que normalmente varia entre £10.000 e £80.000, dependendo do tamanho do avião e do local para onde é desviado”.

Em geral, “embora possam existir formas de desfrutar de uma bebida alcoólica de forma equilibrada e segura, embebedar-se pode não ser a melhor ideia quando se está em pleno voo, a viajar para um país diferente onde pode ser necessário tomar algumas decisões importantes e rápidas e estar consciente do que o rodeia”, afirma Jo. Beba de forma responsável e visite drinkaware.co.uk para obter aconselhamento e apoio.