Mulher vive seis meses com cadáver do pai

Uma mulher é acusada de crimes de profanação do cadáver do pai, burla tributária e burla informática.

O Ministério Público de Leiria pediu na última quinta-feira uma “medida de prevenção” para a mulher que viveu seis meses com o cadáver do pai de 87 anos de idade. O seu julgamento da cidadã iniciou na mesma quinta-feira, onde foram ouvidas todas as testemunhas e feitas as alegações finais.

O procurador do Ministério Público entendeu que se “fez prova, que resulta dos testemunhos e dos factos que constam no processo”.

A arguida deve ser condenada pela prática dos crimes de que está a ser acusada e poderá ser aplicada uma medida de prevenção”, salientou o procurador.

A advogada de defesa pediu justiça, “perante os factos e os testemunhos, sobretudo o do irmão e da sobrinha, e os factos descritos na acusação”.

O irmão e a sobrinha da arguida, que esteve ausente da sessão, explicaram ao tribunal que estranharam o facto do veículo do idoso estar estacionado vários meses no mesmo sítio e pediram à PSP para se deslocar a casa do finado.

As vizinhas referiram ao colectivo de juízes que nunca se notaram nada estranho. Uma afirmou que sentiu um mau cheiro, mas atribuiu-o aos canos. Outra adiantou que a arguida tinha sempre as janelas fechadas e até pensou que fosse uma “acumuladora”, sentindo um “cheiro a café e a tabaco”.

Esta testemunha, que trabalha num café que a arguida frequenta “quase diariamente”, adiantou ainda que a acusada é uma “pessoa desequilibrada” e que costuma “ofender os clientes”. Já tivemos de chamar a GNR”, disse.

O corpo foi encontrado a 16 de Junho de 2016, no interior da residência da vítima, em Caldas da Rainha, distrito de Leiria, em avançado estado de decomposição, refere o despacho de acusação do Ministério Público.

A denúncia foi feita pela neta do falecido, sobrinha da arguida. , que, « após ter conhecimento de que o veículo do seu avô estava estacionado no parque de estacionamento, há bastante tempo, com sinais de abandono e sem pagamentos em dia, contactou a PSP das Caldas da Rainha ».

No entanto, diante destes factos o MP acusou a filha da vítima do crime de profanação de cadáver, uma vez que terá vivido com o pai morto em casa, pelo menos, seis meses.

Segundo o MP, a acusada sofre de Psicose Esquizofrénica Paranóide Crónica, « caracterizando-se por apresentar um pensamento totalmente centrado numa temática paranóide confusa e abrangente, agravada pela presença de alucinações auditivas e com total ausência de crítica para a sua situação clínica e para a necessidade de tratamento », que havia recusado.

Por: Pérzia Sitóe

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