A nível mundial, ocorre cerca de 1 AVC em cada 4 minutos. Esta doença afecta mais frequentemente os idosos (idade média de 73 anos). No entanto, as pessoas com menos de 65 anos também podem sofrer um AVC, e o número de vítimas jovens parece estar a aumentar nos últimos anos. Existem factores de risco específicos para os jovens?

O preocupante aumento do número de acidentes vasculares cerebrais nos jovens

Para recordar, um AVC ou acidente vascular cerebral, mais conhecido por “ataque cerebral”, é uma interrupção súbita do fornecimento de sangue a uma área mais ou menos grande do cérebro. O cérebro deixa de receber oxigénio e nutrientes suficientes, provocando a morte das células da zona afetada. A gravidade do AVC varia de acordo com a localização e a extensão das partes do cérebro afectadas.

Existem 2 tipos de AVC:

O AVC isquémico ou enfarte cerebral (85% dos AVC) é causado pela obstrução de uma artéria cerebral por um coágulo de sangue; O AVC hemorrágico (15% dos AVC) é causado pela rutura de uma artéria cerebral que leva a uma hemorragia cerebral.

Embora esta doença afecte geralmente as pessoas com mais de 65 anos, há vários anos que se verifica um aumento do número de AVC nos jovens. De acordo com um estudo francês realizado em Dijon, utilizando o único registo utilizável de tendências de AVC, o número de AVC em pessoas com menos de 55 anos duplicou em menos de 30 anos.

Nesta região de França, o número de casos em pessoas com menos de 55 anos passou de 117 (1985-1993) para 205 (2003-2011). Embora os acidentes vasculares cerebrais sejam raros (0,02%) entre os jovens, os especialistas responsáveis pelo estudo consideraram a situação preocupante. Atualmente, representam quase 11,8% dos acidentes vasculares cerebrais, contra 9% na década de 1980.

É a primeira causa de incapacidade adquirida e a segunda causa mais frequente de demência nos adultos. Além disso, o custo para a sociedade duplica (perda de um trabalhador e tratamento médico) quando o AVC afecta um jovem. Por conseguinte, os riscos são elevados e a prevenção é essencial. Quais são os factores de risco? São os mesmos que para um AVC “clássico”? O que pode ser feito para prevenir a doença?

AVC: factores de risco

Um estudo alemão recente debruçou-se sobre a questão dos factores de risco em jovens vítimas de AVC. Para determinar o impacto de um determinado fator, os autores optaram por comparar as características dos doentes com AVC com as dos indivíduos que não tinham sofrido um AVC.

Vale a pena conhecer! O modelo utilizado pelos autores do estudo é designado por modelo “caso-controlo”. Trata-se de uma comparação post-hoc de um grupo de indivíduos doentes com indivíduos não doentes, mas comparáveis (sexo, idade, etc.), a fim de determinar os factores que podem ter impacto no aparecimento da doença.

Para obter o máximo de informação possível, as vítimas de AVC foram seleccionadas de uma coorte (estudo de acompanhamento) denominada SIFAP1, que decorreu entre 2007 e 2010. Os indivíduos de controlo, ou seja, aqueles que não estavam doentes e que eram necessários para fazer a comparação, foram escolhidos a partir da coorte do Estudo GEDA (2009 a 2010). No final, 2125 vítimas de AVC foram comparadas com 8500 indivíduos não doentes. Todos tinham idades compreendidas entre os 18 e os 55 anos.

Foram estudados 8 factores em particular:

Hipertensão arterial ;
Dislipidemia
diabetes
Doença coronária;
Tabagismo ;
Consumo excessivo de álcool (binge drinking);
Baixo nível de atividade;
Obesidade.
Os resultados mostram que 2 factores parecem estar primariamente envolvidos na ocorrência de todos os tipos de AVC: a hipertensão arterial (presente em 27,1% dos AVC) e o baixo nível de atividade (60% de risco atribuível).

A combinação destes 8 factores explica 79,8% de todos os AVC. Assim, tal como no caso dos idosos, o sedentarismo e a hipertensão arterial parecem ser os factores que mais contribuem para o AVC. No entanto, o estudo não aborda os factores que são mais específicos dos jovens…