« Não podemos ser imprudentes »

A líder alemã Merkel diz que « há uma esperança cautelosa » em relação à evolução da pandemia no país, mas pede que cidadãos continuem a respeitar o isolamento.

« Não podemos nos deixar levar por uma falsa sensação de segurança », falou.

A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, pediu nesta quinta-feira (09), paciência aos alemães, num momento em que as temperaturas amenas da primavera têm favorecido actividades fora de casa, sublinhando que a situação do país em meio à pandemia do coronavírus continua « frágil ».

« Vamos precisar de paciência », declarou a líder em colectiva de imprensa, defendendo que os cidadãos não relaxem em relação às medidas de isolamento social. Segundo Merkel, os alemães terão que « conviver ainda algum tempo com o vírus ». A fala ocorre um dia antes do feriado prolongado de Páscoa, que tem previsão de transcorrer em meio a temperaturas elevadas após o fim do inverno.

« Não podemos ser imprudentes, não podemos nos deixar levar por uma falsa sensação de segurança », alertou Merkel. « Sei disso por experiência própria você tem um pouco de esperança, depois ganha confiança, fica um pouco mais relaxado por dentro, e daí acaba sendo um tanto imprudente », disse.

« Eu realmente adoraria ser a primeira e seria a primeira a dizer que tudo já pode voltar a ser como era e que podemos continuar novamente como fazíamos antes, mas não é exactamente assim », completou.

Ela acrescentou que a estratégia de saída da crise deve ser executada « em pequenos passos » para evitar sobrecarregar o sistema de saúde da Alemanha. Merkel alertou ainda que o maior erro que o governo poderia cometer neste momento seria reverter as restrições às pressas, correndo o risco de ter que reintroduzi-las ou de impor medidas ainda mais duras mais tarde.

« Essa seria a decisão mais difícil de todas. E é por isso que precisamos de paciência », disse a chanceler. Ela também levantou a possibilidade de diferentes abordagens nos estados alemães e em algumas áreas se houver discrepâncias regionais contínuas nos números de casos.

Por outro lado, Merkel admitiu que há « uma esperança cautelosa » no país, dada a evolução da pandemia na Alemanha. Nos últimos dias, o número de pessoas que têm se recuperado diariamente de covid-19 vem ultrapassando o total de novas infecções. Nesta quinta-feira, o país acumulava 108.202 casos e 2.107 mortes. Cerca de 50 mil pessoas se recuperaram.

Merkel apontou na colectiva desta quinta-feira, que os dados mostram que a curva de crescimento da doença está se achatando.

No entanto, segundo ela, « a situação ainda é frágil ». Ela pediu então aos alemães que permaneçam « concentrados » e que continuem a obedecer às medidas de contenção em vigor.

Ao contrário de outros países europeus, como a Itália e a França, a Alemanha não decretou um confinamento rigoroso em nível nacional, mas impôs uma série de medidas que acabaram por reduzir a circulação de pessoas.

As escolas permanecem fechadas, bem como a maioria das lojas. Restaurantes só podem vender refeições para viagem. As aglomerações com mais de duas pessoas estão proibidas, e os infractores podem sofrer sanções. Alguns estados mais atingidos, como a Baviera, impuseram medidas mais severas, como toque de recolher.

Segundo Merkel, « não será necessário » impor no país medidas mais rigorosas de confinamento.

Já o ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, admitiu nesta quinta-feira, por sua vez, que as grandes aglomerações de pessoas podem continuar proibidas « por meses ». Estabelecimentos como bares e casas noturnas devem continuar fechados.

Uma pesquisa divulgada na apontou que 72% dos alemães estão satisfeitos com a forma que o governo vem administrando a crise. Entre os eleitores do partido de Merkel, a União Democrata Cristã (CDU), o percentual chegou a 88%. O levantamento ainda apontou que 93% dos alemães julgam que as medidas de distanciamento social são apropriadas.

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