Masturbação, sexo oral, pornografia são cada vez mais normais, mas há ainda muitas dúvidas e mitos. E isso perturba a sexualidade.
vida sexual dos jovens começa cada vez mais cedo, mas será que sabem tudo o que deviam saber? E os pais? O « HuffPost » pediu ajuda a sexólogos, terapeutas de sexo e professores de educação sexual para desmistificar algumas das ideias erradas que os adultos ainda têm sobre sexo.
Mito 1: A masturbação enquanto se está numa relação, significa que já não se é sexualmente estimulado pelo parceiro.
Verdade – Não importa se é solteiro ou se está numa relação com uma ou mais pessoas. « A masturbação é saudável, normal e faz parte de ser um ser sexual. É relaxante e permite-nos conhecer melhor o nosso corpo. Saber como gostamos de ser tocados, pode ajudar na vida sexual com o parceiro », explica o terapeuta sexual Janet Brito ao « HuffPost ».
Gigi Engle, sexóloga, afirma « as pessoas pensam que se os seus parceiros se masturbam é porque já não estão sexualmente atraídos, o que leva a uma grande insegurança na relação e na autoestima. A masturbação é uma forma de expressão sexual para solteiros ou em relações, completamente normal. » Quando a masturbação é compulsiva e substitui o sexo com o parceiro, poderá ser motivo para discussão entre o casal com ou sem ajuda de um profissional.
Mito 2 – A vagina e a vulva são a mesma coisa
Verdade – Muitas pessoas usam a palavra « vagina » para se referir a toda a zona genital da mulher, no entanto, isso não está certo. « A área genital externa chama-se vulva e a parte que não se vê é a vagina », explica Ericka Hart, professora de educação sexual.
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Mito 3 – O clitóris é um nó minúsculo
Verdade – O clitóris é muito mais do que aquilo que está à vista. O que se vê é apenas uma pequena parte, porque o restante é interno. « Muitas pessoas não sabem que o clitóris é mais do que esse pequeno ‘nó’ no topo da vulva. Mas na realidade pode ter mais de 12 centímetros. Não é sequer o tamanho médio de um pénis », afirma Gigi Engle.
Mito 4 – O sexo é exatamente aquilo que se vê nos filmes pornográficos
Verdade – Muitas pessoas esquecem-se que o que estão a ver é ficção, principalmente os mais jovens que têm muitas vezes têm na pornografia o primeiro contacto com o sexo. De acordo com um estudo feito em 2016 pela Universidade de Middlesex, em Londres, 39% dos jovens entre os 13 e 14 anos dizem querer imitar o que viram num filme pornográfico.
« O sexo na vida real vai muito além do entretenimento e fantasias. Envolve comunicação, conhecimento do corpo, estar vulnerável e correr riscos. Não é perfeito, nem centrado no homem. Na vida real atrapalham-se, fazem pausas, têm sede e até caem da cama durante o sexo. É tudo menos perfeito, e no ecrã não é isso que passa », explica Janet Brito.
Mito 5 – Os homens não gostam de fazer sexo oral
Verdade – Segundo um estudo feito em 2016 a 900 homens heterosexuais, 90% dos homens disse ter prazer em fazer sexo oral. O que é bom, tendo em conta que 95% das mulheres diz gostar de o receber. « Falei com milhares de homens sobre o que pensam sobre sexo oral e a maioria adora. Claro que há alguns homens que sabem pouco sobre o clitóris e que não se preocupam com isso, mas quase todos acreditam que o sexo oral é muito íntimo e excitante. No caso de terem que escolher, dizem que preferem dar do que receber », conta Ian Kerner, terapeuta sexual.
Mito 6 – As mulheres não gostam tanto de orgasmos como os homens.
Verdade – Há uma grande diferença entre homens e mulheres no que diz respeito ao orgasmo. Num estudo feito em 2017 a 52 mil adultos, chegou-se à conclusão de que as mulheres heterosexuais são quem menos orgasmos tem. Apenas 65% tem orgasmos sempre ou frenquentemente. No caso dos homens, o número cresce para os 95%. Mas isso não se deve ao facto de as mulheres não quererem ter orgasmos. Deve-se a vários fatores como a falta de preliminares e de estimulação do clitóris, ou simplesmente por falta de comunicação com o parceiro.
Mito 7 – O sexo só é bom quando termina com um orgasmo.
Verdade – Claro que um orgasmo torna a relação sexual mais satisfatória, no entanto, não é o único fator importante. Mesmo quando o sexo não termina dessa forma, pode continuar a ser prazeroso para ambos. « O sexo opera de tantas formas além da física. A parte espiritual e emocional tem muito potencial e é muitas vezes deixado de lado », explica Liz Afton, terapeuta sexual.
Mito 8 – Os homens que gostam ou fantasiam sobre sexo anal são gay
Verdade – « A origem deste mito vem da ideia de que o comportamento define a identidade. É importante perceber que um e outro são coisas diferentes. O comportamento sexual não define a identidade sexual », afirma Hart. Uma pessoa com qualquer orientação sexual, pode gostar de sexo anal ou outro tipo de sexo.
Mito 9 – A pornografia causa disfunções sexuais nos homens mais jovens
Verdade – « Há uma histeria contra a pornografia na nossa cultura e, na realidade, os homens masturbam-se mais do que há uns anos. Mas não há nenhum estudo que prove que a pornografia possa levar à disfunção erétil », explica Ian Kerner. A disfunções eréteis podem ser psicológicas ou fisiológicas e nos mais jovens é, normalmente o último. « Quando isto acontece, muitos homens pensam se poderá ter a ver com o facto de verem porno e essa ansiedade advém da publicidade negativa que os media fazem à pornografia e à ideia de que é um vício. »
Mito 10 – Gostar de sexo kinky ou bondage faz das pessoas anormais ou sexualmente perversas.
Verdade – Os livros e filmes « 50 Sombras de Grey » mostraram muito sobre este tipo de sexo e o seu sucesso leva a crer que pode haver mais pessoas interessadas do que se imaginava. Jesse Kahn, terapeuta sexual, afirma « Este tipo de sexo (kink) está a tornar-se cada vez mais comum e mainstream. Não só há mais pessoas kinky, como se começa a perceber que a vida sexual de muitas pessoas já incorporava elementos kinky. »