Toda semana, um comportamento relacionado aos relacionamentos amorosos é conceitualizado (como o ghosting ou o stonewalling), e logo o mundo inteiro começa a adotar essa nova expressão com confiança. O conceito de limência (que descreve um desejo obsessivo), embora não seja novo, tem ganhado popularidade recentemente. Exemplos literários de protagonistas sentimentais dispostos a sacrificar tudo pelo ser amado não faltam, como Roméo Montaigu ou o jovem Werther de Goethe.

Como a limência é definida na psicologia?

De acordo com a Psychology Today, a limência é uma « obsessão involuntária por outra pessoa ». Ao contrário dos sentimentos de amor e desejo, que costumam ser compartilhados, o conceito de limência implica que não se sabe se a pessoa amada (também chamada de “objeto limerente”) sente a mesma paixão.

De onde vem esse termo?

A psicóloga Dorothy Tennov, que cunhou o termo em 1979 em seu livro Love and Limerence, descreve sua própria experiência assim: “Eu não controlo esse sentimento, esse desejo por Emily. Ele me controla. Tento combatê-lo, limitar sua influência, encontrar uma maneira de canalizá-lo (principalmente por meio do sexo), ignorá-lo, apreciá-lo e, sim, tento provocar uma resposta de Emily! Mesmo sabendo que ela e eu nunca viveremos juntos, a simples ideia dela me obsede. Fui reduzida a desejar apaixonadamente alguém de quem não quero, e se ela correspondesse às minhas investidas, eu iniciaria uma relação com alguém com quem não teria nada a ver.”

Dorothy Tennov observa que a limência pode afetar qualquer pessoa, independentemente de gênero, idade, etnia, classe social ou qualquer outra característica.

Quais são as características da limência?

É um estado mental caracterizado por pensamentos irracionais ou intrusivos, dependência emocional, dúvida, medo do rejeição e, especialmente, uma idealização do objeto limerente. Em outras palavras, uma pessoa vítima de limência fica tão obcecada pela ideia que tem de outra pessoa que pode nem tentar conhecê-la de fato. A limência pode impedir uma verdadeira conexão, pois quem sofre com isso fica tão focado na intensidade dos próprios sentimentos que não consegue estar presente para criar um vínculo genuíno.

Quais são as três etapas da limência?

As três etapas da limência são: paixão, cristalização e deterioração. A primeira descreve o período em que se apaixona pelo objeto limerente; a segunda refere-se à idealização da pessoa, quando a coloca « em um pedestal »; e a terceira diz respeito ao inevitável colapso emocional quando se percebe que essa pessoa não é a solução para todos os nossos problemas.

A limência é tão prejudicial assim?

Pode-se pensar que a limência não seja algo tão negativo: afinal, ela se baseia em uma ideia bastante romântica de um amor arrebatador. No entanto, segundo o Attachment Project, uma pessoa que sofre de limência pode acabar se metendo em problemas quando « passa a pensar apenas nisso e, como consequência, negligencia suas responsabilidades, além de sua vida social e profissional ».