Apesar de não ser possível obter confirmações, a ciência tenta responder a esta pergunta com base nas diferentes circunstâncias da morte.
É a ciência quem providencia as teorias, já que, até agora, dadas as circunstâncias, tem-se revelado impossível encontrar respostas no que toca à morte. É verdade que se encontra a paz? Ou vamos para o purgatório? Vemos alguma entidade soberana? Ou as memórias de uma vida inteira a passarem num flash?
De acordo com a neurociência (o estudo científico do sistema nervoso), quando estamos no limbo entre a vida e a morte, o que sentimos irá depender muito da forma como estamos a morrer. Se ocorrer uma morte súbita, ou que envolva uma dor extrema, é improvável vivenciar-se qualquer tipo de sensação.
Isto porque « o sistema nervoso central simplesmente deixa de funcionar e a consciência apaga-se », de acordo com o que disse o neurocirurgião Fernando Gomes à CNN Brasil. Quando ocorre uma experiência de quase morte, o fenómeno não é o mesmo, mas é bem conhecido.
Quantas vezes ouviu falar de ver a luz ao fundo do túnel? Para este profissional de saúde, esse relato « é muito comum ». Trata-se da perceção « de um túnel com uma luminosidade no final e uma sensação de bem-estar », que será « provocada pela liberação de neurotransmissores », ou seja, substâncias químicas produzidas pelos neurónios enquanto estímulo ou resposta.
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Já quando a pessoa morre de forma lenta, por exemplo em casos de falência de vários órgãos, « o que ocorre lenta e progressivamente é que os órgãos principais são priorizados, como por exemplo o cérebro, o coração e os rins. Os outros órgãos vão sofrendo. No decorrer do tempo, tudo para, como se fosse um autocarro que colide com um poste », compara.
« Quem está dentro, aos poucos, também vai sofrer uma desaceleração e para de ter o movimento em ação », continua este médico e docente, que exerce no complexo hospitalar Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Também há relatos de quem tenha experienciado algo como sair do próprio corpo e conseguir ver-se a si mesmo, a ser cuidado pelos médicos, por exemplo. Esta sensação dever-se-á aos padrões interrompidos de sono (como a paralisia do sono), em que, mesmo estando a dormir, a pessoa ainda está ciente do mundo que a rodeia.
A culpada por esta sensação artificial é a região do cérebro entre os lobos temporal e parietal. Por sua vez, as alucinações com pessoas que já faleceram são comuns « em pessoas com doenças neurodegenerativas, como doença de Parkinson e doença de Alzheimer », aponta o neurologista Felipe Chaves Duarte à CNN Brasil.
Aquela ideia do instante da morte no qual « memórias de muita relevância, principalmente emocional, são acionadas, como se passasse um filme » da vida de cada um « faz sentido » do « ponto de vista elétrico », já que passamos por « um momento de superconsciência » explicado pelo ritmo acelerado do cérebro em circunstâncias como um ataque cardíaco fulminante.