O Dia Mundial do Dador de Sangue celebra-se a 14 de junho. Esta é uma oportunidade para destacar um estudo publicado esta semana que propõe uma forma de transformar o sangue do grupo A em sangue universal. O mecanismo utiliza enzimas da microbiota intestinal.
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Anuncie aqui: clique já!Acidentes, hemorragias e intervenções cirúrgicas são apenas algumas das situações que podem exigir uma transfusão de sangue.
Para que uma transfusão de sangue seja bem sucedida, a compatibilidade dos grupos sanguíneos entre o dador e o recetor deve ser respeitada, para evitar reacções potencialmente fatais. No sistema ABO, o sangue tipo O é considerado um dador universal, porque não tem os antigénios A e B: não será rejeitado pelo recetor. Do mesmo modo, no sistema Rhesus (Rh), os indivíduos Rh- podem doar a indivíduos Rh+ ou Rh-.
Os tipos de sangue mais comuns são o grupo A (44% da população) e o grupo O (42%), à frente dos grupos B (10%) e AB (4%). Uma vez que o sangue A é o mais comum, seria interessante poder transformá-lo em sangue do grupo O. Para tal, o antigénio A teria de ser removido dos glóbulos vermelhos através de enzimas.
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Comprar um espaço para minha empresa.Um artigo publicado no site da Science explica que, inicialmente, os investigadores tentaram melhorar enzimas já conhecidas por catalisarem esta reação, mas estas não foram muito eficazes.Quando esta estratégia falhou, os investigadores da Universidade da Colúmbia Britânica, em Vancouver (Canadá), adoptaram outro método: procuraram enzimas mais eficazes nos microrganismos do microbiota intestinal.De facto, certas bactérias do microbiota digerem glicoproteínas da parede intestinal, conhecidas como mucinas, cuja composição é semelhante à dos antigénios dos glóbulos vermelhos.
Os investigadores utilizaram amostras de fezes humanas para extrair ADN de bactérias intestinais e procuraram genes para enzimas que digerem mucinas.Encontraram duas enzimas interessantes da bactéria Flavonifractor plautii: convertem o antigénio A em antigénio H, correspondente ao grupo sanguíneo O.Os açúcares típicos do grupo A foram eliminados! Graças a esta técnica baseada em enzimas bacterianas, seria portanto possível duplicar a quantidade de sangue universal, utilizando sangue do grupo A…
Este trabalho é publicado numa revista com revisão por pares, a Nature Microbiology. Já tinham sido objeto de uma comunicação de alto nível num congresso em agosto de 2018 (ver artigo abaixo).Será necessário prosseguir os trabalhos para verificar se estas enzimas bacterianas modificadoras do sangue não têm efeitos nefastos.