Saúde mental: Como deixar ir e encontrar a cpara seguir em frente

Seja o que for que nos esteja a incomodar – um erro, uma pessoa ou uma decisão que sentimos ter sido injusta – por vezes é boa ideia seguir em frente para nos salvarmos.

Por vezes, as nossas mentes deparam-se com os mesmos obstáculos, impedindo-nos de nos libertarmos e de encontrarmos a paz. Deveria ser simples, mas não é. Ficamos magoados com um erro que cometemos, com algo que alguém disse ou com uma decisão que considerámos injusta, e assim sucessivamente. Como é que podemos pôr fim a esta constante irritação e esquecer o assunto?

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Perguntámos a vários psicoterapeutas com diferentes abordagens e vários deles disseram-nos que, por vezes, é necessário desanuviar, deixar o passado para trás e olhar para o futuro com confiança renovada.

Preocupar-se apenas com o que se pode controlar

Luca Mazzucchelli, um psicoterapeuta e YouTuber que já lidou com uma variedade de problemas de saúde mental, fala sobre a “Oração da Serenidade” recitada pelos Alcoólicos Anónimos. Esta oração implora a Deus que nos dê a força para agir sobre as coisas que podemos controlar, e que nos dê a serenidade para aceitar as coisas que não podemos mudar. “Para mim, o que é fundamental é precisamente ter a clareza de distinguir entre o primeiro e o segundo. É algo que vemos muitas vezes em psicoterapia: as pessoas têm raiva por tentarem mudar o que, na verdade, deviam deixar ir, aceitar ou aprender a amar.”

Há uma técnica muito antiga para separar o trigo do joio: a boa e velha folha de papel em branco. É um exercício simples que pode fazer na sua cabeça. Desenha duas colunas: “Na primeira coluna, escrevo o que está sob o meu controlo; na outra, escrevo aquilo sobre o qual não tenho controlo e que não posso mudar de forma alguma. Se estou preso no trânsito e isso me faz chegar atrasado a um compromisso importante, não posso mudar o engarrafamento nem o meu atraso, mas posso dar um bom uso a esse tempo.”

Aprenda a ouvir os seus pensamentos, especialmente os mais intrusivos

Antonella Montano, Directora do Institut A.T. Beck, com sede em Roma e Caserta, convida-nos a refletir sobre o facto de alguns dos nossos pensamentos serem uma fonte de infortúnio “porque pagamos o preço dos nossos próprios julgamentos”. Além disso, muitas vezes julgamos mal a verdade de uma suposição simplesmente porque ela está presa na nossa cabeça. “Com o tempo, porém, reavaliamos a situação e vemos as coisas sob uma luz diferente, menos toldada pela emoção. Por isso, é preciso deixar os pensamentos de lado.

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É preciso ouvi-los sem lhes dar crédito. Se cedermos a esses pensamentos irritantes, eles vão tomar conta das nossas emoções e até desencadear reacções físicas em nós, de acordo com a clínica cognitivo-comportamental. Como é que isto pode ser conseguido? Para Antonella Montano, a meditação oferece um método valioso, ensinando-nos a ancorarmo-nos no presente, sem julgamentos. Aceitando tudo o que existe, sejam pensamentos agradáveis ou desagradáveis.

Não podemos mudar o passado, mas podemos confrontá-lo e influenciar o nosso futuro.

“Se não nos conseguimos livrar de uma memória ou de um pensamento, é normalmente porque fomos afectados emocionalmente e a experiência foi tão forte que, apesar de a vida continuar, não conseguimos deixar de pensar nela”, explica Stefano Bartoli, Diretor de Operações do Centro de Terapia Estratégica de Arezzo. “É o passado que dita as nossas reacções presentes, quando deveríamos inverter a perspetiva, agindo com o futuro em mente. Ao estarmos constantemente a pensar no passado, no que poderíamos ter feito de forma diferente, negligenciamos o presente e desinvestimos nele.”

A Teoria Estratégica Breve, uma terapia breve, sugere o confronto com o passado: “reviver e reobservar essa experiência com uma perspetiva diferente”. Mais uma vez, a escrita pode ser um poderoso aliado, ajudando-nos a compreender e a “deixar o passado para trás de forma definitiva, redireccionando o nosso olhar para o futuro”. Citando o filósofo Sören Kierkegaard: “A vida deve ser vivida olhando para o futuro, mas só pode ser compreendida olhando para o passado”.

Libertarmo-nos das expectativas, nossas e dos outros, para podermos avançar

Mónica Areddia, psicoterapeuta cognitiva, também utiliza a escrita como forma de terapia para nos ajudar a libertarmo-nos das coisas que nos fazem sofrer. “Antes de mais, é preciso aprender a identificar, aceitar e compreender como surgiu a escolha, o hábito ou o comportamento de que não se consegue livrar”, explica. Neste caso, a escrita tem também um efeito prático: “permite-lhe rever o que escreveu, se necessário”.

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Também neste caso, podem ser utilizadas duas colunas para dividir “as motivações ou crenças que apoiam a escolha efectuada e as motivações que apoiariam uma escolha diferente”. Este exercício permite-lhe ver as coisas de outro ângulo, explorar vantagens que não tinha considerado e compreender os constrangimentos que inconscientemente cria para si próprio. Muitas vezes, descobrimos que o que nos prende são as nossas próprias crenças e expectativas, ou as das pessoas que nos são próximas. Desafiá-las é o primeiro passo para a mudança.

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