Golpes deixam as vítimas financeira e emocionalmente devastadas. Num caso, a acusada terá chegado a convencer a vítima de que estavam casados. Mesmo sem nunca se terem visto pessoalmente.
Mona Faiz Montrage apresenta nas redes sociais um estilo de vida luxuoso, com roupas de marca, jornadas para fazer compras e viagens ao estrangeiro.
Para os seus 4,2 milhões de seguidores no Instagram, ela é uma música e membro do jet set que viaja entre Londres e a capital ganense Acra.
Mas uma acusação federal nos Estados Unidos, revelada esta segunda-feira, alega que ela fazia parte de uma organização de cibercrime da África Ocidental que cometeu uma série de fraudes, incluindo um esquema de romances que roubou mais de dois milhões de dólares [1,85 milhões de euros] a americanos mais velhos e vulneráveis. Montrage foi detida no Reino Unido em novembro e extraditada para Nova Iorque na última sexta-feira, segundo informaram as autoridades federais.
Mona Faiz Montrage enfrenta várias acusações, incluindo conspiração para cometer fraude eletrónica, branqueamento de capitais e conspiração para receber dinheiro roubado, de acordo com o Gabinete do Procurador dos EUA do Distrito Sul de Nova Iorque.
Ela declarou-se inocente na segunda-feira, disse à CNN o seu advogado, Adam Cortez, por e-mail. O jurista recusou-se a fazer mais comentários, dizendo que ainda está a aguardar mais pormenores sobre as alegações do Estado.
Terá convencido a vítima de que estavam casados
Montrage, de 30 anos, natural de Acra, capital do Gana, supostamente fazia parte de um grupo de vigaristas da África Ocidental.
Entre 2013 e 2019, a sua empresa criminosa terá cometido várias formas de fraude contra indivíduos e empresas nos Estados Unidos. Os supostos crimes incluíram “golpes de romance”, em que, de acordo com documentos judiciais, atacavam homens e mulheres mais velhos que viviam sozinhos.
Os procuradores federais descreveram em pormenor as burlas que, segundo eles, deixaram as vítimas financeira e emocionalmente devastadas.
Alegadamente, os burlões contactaram as vítimas através de aplicações de encontros online e de redes sociais. Usavam identidades falsas para enviar mensagens de texto, e-mails e mensagens de redes sociais, e enganavam-nas fazendo-as acreditar que estavam romanticamente envolvidas, segundo dizem os documentos do tribunal.
“Quando os membros da empresa conseguiam convencer as vítimas de que estavam num relacionamento romântico e ganhavam a sua confiança, eles convenciam as vítimas, sob falsos pretextos, a transferir dinheiro para contas bancárias que as vítimas acreditavam serem controladas por aqueles que mostravam interesse romântico, quando, na verdade, as contas bancárias eram controladas por membros da empresa”, disse a acusação.
Montrage controlava contas bancárias que receberam mais de dois milhões de dólares em fundos fraudulentos, segundo a acusação. Ela tinha contas em Nova Iorque e noutros locais, onde alguns dos fundos eram depositados e onde os desembolsava para outros burlões com quem trabalhava, segundo os documentos do tribunal.
Num dos casos, terá usado o seu nome verdadeiro para comunicar com uma vítima por telefone e recebeu dinheiro diretamente da vítima. Enganou a vítima fazendo-a crer que estavam oficialmente casados, segundo os documentos do tribunal.
“Montrage enviou à vítima uma certidão de casamento tribal que alegadamente mostrava que Montrage e a vítima tinham casado no Gana”, lê-se nos documentos do tribunal.
Ela supostamente convenceu a vítima a enviar-lhe 89 mil dólares [82 mil euros] através de 82 transferências eletrónicas para a quinta do seu pai no Gana. E, em novembro de 2018, ela supostamente recebeu cheques no valor de pelo menos 195 mil dólares [180 mil euros] de outra vítima de golpe de romance, sustenta ainda a acusação.