Sudão: Mais de 1600 civis evacuados para a Arábia Saudita, “Não dormíamos, não comíamos nem bebíamos”.

Agarrados às suas malas, ainda se recuperando das memórias de ataques aéreos e combates urbanos no Sudão, vários civis relatam sua angustiante jornada do Mar Vermelho a Jidá, na Arábia Saudita.

Idosas em cadeiras de rodas e bebês dormindo nos braços dos pais estavam entre as quase 200 pessoas de mais de 14 países que desembarcaram de um navio naval na cidade costeira de Jidá, na noite de segunda-feira.

“Fizemos uma longa viagem de Cartum a Porto Sudão. Demoramos cerca de 10 ou 11 horas”, contou o libanês Suhaib Aicha, que administrava uma fábrica de plásticos no Sudão há mais de uma década.

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“E mais 20 horas neste navio de Porto Sudão a Jidá”, disse ele à AFP, enquanto sua filha chorava em seus ombros.

“Foram muitos momentos difíceis, todos eles de medo, tensão e ansiedade”, relembrou uma passageira libanesa que não quis revelar o nome.

“Não dormíamos, não comíamos nem bebíamos. Vivemos muitos dias difíceis”, acrescentou.

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Os combates eclodiram no Sudão em 15 de abril entre as forças leais ao chefe do exército Abdel Fatah al-Burhan e seu rival, que se tornou seu rival, Hamdan Daglo, comandante das paramilitares Forças de Apoio Rápido (FAR).

Pelo menos 427 pessoas morreram e mais de 3.700 ficaram feridas, segundo agências da ONU.

Os habitantes de Cartum enfrentam uma grave escassez de água, alimentos, remédios e combustível e sofrem com cortes de eletricidade e Internet.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, anunciou na segunda-feira que Burhan e Daglo concordaram com um cessar-fogo de 72 horas.

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Os “necrotérios estão lotados” e “corpos espalhados pelas ruas”, disseram os médicos de Cartum.

– Mobilização saudita –

A Arábia Saudita anunciou a primeira retirada bem-sucedida de civis no sábado, ao receber em Jidá 150 pessoas, incluindo diplomatas e autoridades estrangeiras.

Na segunda-feira, um avião militar C-130 Hercules levou dezenas de civis sul-coreanos, incluindo uma criança pequena e uma freira, para a Base Aérea King Abdelaziz de Jidá.

Até agora, 365 pessoas foram levadas do Sudão para o reino, incluindo 101 sauditas e 255 cidadãos de mais de 14 países, informou a agência de notícias oficial saudita.

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A imprensa estatal saudita fez uma ampla cobertura das retiradas e das declarações de agradecimento dos países cujos cidadãos foram beneficiados.

Quando a fragata se aproximou do porto de Jidá na segunda-feira, a televisão estatal Al-Ekhbariya exibiu imagens dos passageiros acenando com os braços e sorrindo, enquanto outros registravam a chegada em seus celulares.

Olhando para a câmera, um saudita agitou a bandeira verde de seu país com uma das mãos e ergueu o passaporte com a outra, declarando que “este é o passaporte mais forte do mundo”.

O colunista Abdo Khal escreveu no jornal privado Okaz que a retirada relativamente rápida organizada pela Arábia Saudita destacou o “peso internacional” do reino.

“Isso definitivamente mostra uma ânsia do reino saudita em se posicionar como um ator central em situações de crises regionais e aproveitar a influência que tem em ambos os lados deste conflito”, disse Umar Karim, especialista em política saudita da Universidade de Birmingham.

Mas as autoridades sauditas enfrentam uma pressão crescente para fazer mais para facilitar as evacuações, devido ao seu relacionamento com os dois generais, cujas forças se enfrentam em Cartum e em outros lugares.

“A Arábia Saudita é um ator crítico na diplomacia do cessar-fogo no Sudão”, disse à AFP Alan Boswell, do International Crisis Group.

“Governos africanos e ocidentais buscam ajuda em Riad para convencer os militares sudaneses a dar uma chance ao diálogo”, acrescentou.

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