Omar Ben Laden, o filho mais velho de Oussama Ben Laden, o cérebro por trás dos ataques de 11 de setembro de 2001 que tiraram a vida a cerca de 3.000 pessoas nos Estados Unidos, foi expulso de França em outubro de 2023. Aos 43 anos, Omar tinha estabelecido residência na pequena cidade de Domfront-en-Poiraie, na Normandia, desde 2016, onde vivia de forma discreta, dedicando-se à pintura, uma atividade que descobriu durante o confinamento.

No entanto, a tranquilidade que Omar desfrutava na França chegou ao fim quando o governo francês, através de uma ordem de expulsão emitida pelo ministro do Interior, Bruno Retailleau, decidiu retirar o seu título de residência e proibir o seu retorno ao país por um período de dois anos. A decisão baseou-se no facto de Omar Ben Laden ter feito, nas suas redes sociais, declarações que foram consideradas como apologia ao terrorismo.

De acordo com o ministro, a justiça francesa confirmou a validade da decisão, que foi justificada por motivos de segurança nacional. Com a decisão, foi emitida uma « interdição administrativa do território » francês, impedindo qualquer tentativa de retorno do filho de um dos terroristas mais conhecidos do mundo.

Omar Ben Laden cresceu nos campos de treino jihadistas no Sudão e no Afeganistão, ao lado do seu pai, Oussama Ben Laden, e, segundo ele próprio, cortou laços com o seu pai antes dos ataques de 2001. No entanto, nunca chegou a condenar claramente as ações do pai. Numa entrevista à revista Rolling Stone em 2010, Omar revelou que o seu pai o tinha escolhido como sucessor para liderar a Al-Qaeda, mas que ele teria fugido para a Arábia Saudita meses antes dos ataques de 11 de setembro. Desde então, tentou refazer a sua vida, mas foi sucessivamente rejeitado por vários países, incluindo o Egito, Reino Unido e Espanha.

Em várias entrevistas, Omar demonstrou um misto de admiração e lealdade ao pai, declarando que « sempre o amará » e que a captura de Oussama Ben Laden « lhe partiria o coração ». Essa ligação contraditória entre o filho e o pai, além de uma visão ambiciosa de si próprio, faz parte de um enredo de vida complexo. Omar, que tem os mesmos traços físicos e olhos penetrantes do seu pai, sonhava em ser embaixador da paz nas Nações Unidas e imaginava que ele e a sua esposa britânica, Zaina, poderiam ser um casal mais icónico do que o príncipe Charles e Lady Diana.

Apesar das suas ambições, Omar enfrentou dificuldades em concretizar seus sonhos. Em 2013, quando vivia no Qatar, tentou lançar uma empresa de construção civil, prometendo faturar 800 milhões de euros, mas o projeto não se concretizou. Depois, em 2016, estabeleceu-se na pacata cidade de Domfront-en-Poiraie, onde encontrou uma vida mais tranquila, longe da violência do seu passado.

Em entrevistas à Ouest-France, em 2021, Omar descreveu a vida na França como pacífica e cheia de « amor e gentileza », afirmando que ali poderia viver longe dos traumas do passado. Dedicar-se à pintura tornou-se uma nova paixão, e ele ambicionava ser um artista de renome, comparando-se até a Van Gogh.

Contudo, esse sonho de paz e anonimato foi interrompido pela decisão das autoridades francesas. Após a sua expulsão, Omar Ben Laden encontrou refúgio no Qatar, o mesmo país onde, anos antes, havia tentado uma nova carreira.