O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, rejeitou a ideia de que o seu país cederia território para pôr fim à guerra com a Rússia. Segundo o Wall Street Journal, autoridades ucranianas e europeias apresentaram a Washington uma contraproposta.

« A Ucrânia não dará à Rússia qualquer recompensa pelo que fez » e « os ucranianos não entregarão o seu território ao ocupante », afirmou Zelenskyy no sábado.

O presidente dos EUA, Donald Trump, tinha sugerido anteriormente que um acordo de paz poderia incluir « alguma troca de territórios ».

No domingo, líderes da União Europeia, incluindo o presidente Macron, a primeira-ministra Meloni, o chanceler Merz, os primeiros-ministros Tusk e Starmer, a presidente von der Leyen e o presidente Stubb, divulgaram uma declaração reafirmando que « o caminho para a paz na Ucrânia não pode ser decidido sem a Ucrânia ».

A declaração sublinha ainda que « as fronteiras internacionais não devem ser alteradas pela força », acrescentando que a linha de frente atual deve ser « o ponto de partida para as negociações ».

Uma proposta de cessar-fogo russa sugeriu a troca dos territórios ucranianos de Donetsk e Luhansk por um cessar-fogo total.

Segundo dois funcionários europeus familiarizados com o assunto, o Wall Street Journal revelou no sábado que autoridades ucranianas e europeias responderam à proposta russa com uma contraproposta.

Esta contraproposta, apresentada ao vice-presidente dos EUA, JD Vance, ao secretário de Estado Marco Rubio, ao enviado ucraniano Keith Kellogg e a Steve Witkoff, reafirma que a Ucrânia e a Europa devem estar envolvidas em quaisquer negociações com a Rússia, exigindo também a implementação de um cessar-fogo antes de se avançar com qualquer outro passo.

Foi apresentada numa reunião com altos funcionários dos EUA no Reino Unido, no sábado, conforme indicado pelos mesmos.

Isto acontece depois de Trump ter declarado na sexta-feira que iria reunir-se com Vladimir Putin, mesmo que o líder russo não aceite encontrar-se com Zelenskyy. O encontro Trump-Putin, marcado para a próxima sexta-feira no Alasca, é visto como uma possível viragem na guerra que já dura mais de três anos.

Zelenskyy desvalorizou a cimeira planeada, avisando que quaisquer negociações para acabar com a guerra na Ucrânia devem incluir Kiev.

« Qualquer decisão que seja tomada sem a Ucrânia é, ao mesmo tempo, uma decisão contra a paz. Essas decisões são inúteis, não funcionarão », afirmou.

Numa declaração publicada no Telegram, Zelenskyy afirmou que a integridade territorial da Ucrânia, consagrada na Constituição, é inegociável, e sublinhou que a paz duradoura deve incluir a voz da Ucrânia na mesa das negociações.

Líderes europeus apoiaram a posição de Zelenskyy com declarações nas redes sociais.

O presidente francês Emmanuel Macron afirmou que « o futuro da Ucrânia não pode ser decidido sem os ucranianos », acrescentando que « os europeus também terão necessariamente de fazer parte da solução, já que a sua própria segurança está em jogo ».

O primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez partilhou a mesma opinião, afirmando que « devemos alcançar uma paz justa e duradoura que respeite a independência e a soberania da Ucrânia ».

Zelenskyy também conversou com o presidente finlandês Alexander Stubb, agradecendo o seu apoio. « A Ucrânia e a Finlândia têm as fronteiras mais longas com a Rússia na Europa, e os nossos povos sabem muito bem quais as ameaças que isso traz », escreveu numa publicação no X.

A guerra continua

Entretanto, duas pessoas morreram e 16 ficaram feridas quando um drone russo atingiu uma carrinha na periferia da cidade ucraniana de Kherson, informou no sábado o governador regional Oleksandr Prokudin.

Duas outras pessoas morreram após um drone russo atingir o seu carro na região de Zaporizhzhia, segundo o governador regional Ivan Fedorov.

Tropas russas também lançaram drones contra a cidade de Kharkiv. Um dos drones atingiu uma loja de móveis e feriu cinco pessoas, informou o presidente da câmara de Kharkiv, Ihor Terekhov.

Entre os feridos estava uma rapariga de 17 anos, e três mulheres foram hospitalizadas, todas com ferimentos causados por estilhaços.

A força aérea ucraniana afirmou ter interceptado 16 dos 47 drones russos lançados durante a noite, enquanto 31 drones atingiram alvos em 15 locais diferentes. Também afirmou ter derrubado um dos dois mísseis lançados pela Rússia.

O Ministério da Defesa russo declarou que as suas defesas aéreas derrubaram 97 drones ucranianos sobre a Rússia e o Mar Negro durante a noite, além de 21 outros drones na manhã de sábado.