Disfunção erétil – causas, sintomas e tratamento

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) o significado de disfunção erétil ou impotência sexual masculina corresponde à “incapacidade persistente ou recorrente para alcançar e/ou manter uma ereção suficiente para uma atividade sexual satisfatória”.

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A disfunção erétil considera-se primária caso se apresente logo desde as primeiras relações sexuais. A disfunção erétil considera-se secundária caso surja em indivíduos que tenham tido previamente uma boa função erétil. Por sua vez, a incapacidade de manter uma erecção pode surgir em todas as relações sexuais (disfunção erétil permanente) ou apenas manifestar-se em determinadas condições (por exemplo em fases de stress psicológico ou cansaço) ou com determinadas parceiras sexuais (disfunção erétil situacional).

Estima-se que entre 5 a 20% dos homens possam ter disfunção erétil , percentagem que aumenta progressivamente com a idade, podendo atingir os 50 a 75% a partir dos 70 anos.

Disfunção erétil – causas

Existem múltiplas causas para a origem da disfunção erétil. Na maioria dos homens, a causa é sobretudo multifactorial, ou seja, estão presentes vários fatores causais em simultâneo.

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O mecanismo fisiológico para a erecção pressupõem o correto funcionamento de diferentes sistemas orgânicos, nomeadamente, o psicológico, o hormonal, o vascular e o neurológico. Assim os fatores responsáveis pela disfunção erétil podem ser divididos em:

Factores vasculogenicos

Este é um dos mecanismos mais comuns da disfunção erétil. Os fatores de risco mais frequentes para uma causa vascular são: o tabagismo, o alcoolismo, a hipertensão arterial, a diabetes mellitus, a dislipidemia (colesterol elevado), a obesidade, entre outras.

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A existência de disfunção erétil de causa vasculogenica deve ser considerada um sinal precoce de doença cardiovascular/aterosclerótica, principal causa dos enfartes cardíacos e acidentes vasculares cerebrais (AVC). Algumas lesões ou doenças do pénis também podem condicionar disfunção erétil por alteração da componente venosa do pénis: a curvatura adquirida (Doença de Peyronie), traumas do pénis ou alguns tipos de cirurgias do pénis (ver também o parágrafo de fatores neurogénicos) são os exemplos mais comuns. O aumento do tamanho da próstata (hiperplasia benigna da próstata – HBP) pode estar relacionado com alterações da função erétil, sendo que alguns autores atribuem esta relação apenas às alterações progressivas do envelhecimento. A presença de inflamação crónica da próstata (prostatite crónica) pode relacionar-se a algumas alterações da função sexual, nomeadamente com a ejaculação prematura.

Factores neurogénicos

Estima-se que 10 a 19% dos casos de disfunção erétil tenham origem neurogénica, sendo que qualquer doença que afete o cérebro, a medula espinhal ou os nervos do pénis pode provocar falência do mecanismo da ereção. Dentro destas doenças e causas, as mais frequentes são: AVC, Alzheimer, demência, diabetes mellitus, traumatismos medulares (coluna vertebral) ou cirurgias pélvicas como a cirurgia da próstata (ex. prostatectomia radical – quando a próstata é retirada totalmente) ou a cirurgia do intestino (colo-rectal). A vasectomia (laqueação do ducto deferente bilateralmente) não se relaciona, normalmente, com alterações da função erétil.

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Factores hormonais

O défice de androgénios (testosterona) pode traduzir-se em disfunção erétil e diminuição da libido (desejo sexual). Algumas doenças relativamente comuns podem causar défice andrógenico como a diabetes mellitus, a obesidade e o síndrome metabólico. Menos comuns são a lesão testicular por trauma, radioterapia ou tumor.

As alterações nos níveis de outras hormonas também podem provocar disfunção erétil como a elevação da prolactina (hiperprolactinémia) ou das hormonas da tiróide (híper e hipotiroidismo).

Factores psicogénicos

As causas psicogénicas (também conhecida por impotência psicogénica/psicológica) representam 10 a 20% dos casos. Estas incluem a depressão, o nervosismo, a ansiedade, o stress e o cansaço, ou problemas da relação com a parceira.

O aparecimento de um problema psicológico num doente com uma causa física minor pode despoletar o desenvolvimento de uma disfunção erétil grave, que até então não se tinha manifestado.

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Factores medicamentosos / drogas

A deficiência na função da erecção pode ser atribuída a efeitos secundários de medicação ou outras substâncias. Dentro dos mais comuns incluem-se:
Psicotropicos: antidepressivos, anti-psicoticos, ansiolíticos ou anti-convulsivantes; anti-hipertensores: diuréticos tiazidicos, beta bloqueantes (nomeadamente propanolol), antagonistas da aldosterona (espironolactona, etc); Outros: anti-androgénicos (nomeadamente medicação utilizada no cancro da próstata), o tabaco (fumar cigarro etc) ou canabinoides, opioides (terapêuticos ou recreativos), álcool, etc..

Disfunção erétil e a idade

A disfunção erétil em jovens normalmente é devida apenas a um factor. Esta pode surgir mais frequentemente em contexto de problemas psicológicos, malformações anatómicas/vasculares ou problemas hormonais. No jovem previamente saudável, sem antecedentes traumáticos da região genital, as causas mais comummente identificadas são o stress, o medo do desempenho sexual, a ansiedade ou a coexistência de outras disfunções sexuais como a ejaculação prematura (ou precoce).

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Por outro lado, em idosos é mais comum a presença de vários factores a contribuir para a presença da disfunção erétil, nomeadamente as causas vasculares, neurogénicas e medicamentosas.

idade constitui assim um fator de risco para o aparecimento da disfunção erétil, dada a intima dependência desta patologia com outras doenças mais frequentes em idades avançadas como sejam a hipertensão (pressão arterial alta), a diabetes, a dislipidemia, a demência, etc..

Disfunção erétil – sintomas

Os sinais e os sintomas mais comuns são:

  • Incapacidade em obter uma ereção com rigidez suficiente para a penetração;
  • Ereção fugaz, ou seja, ereção de duração insuficiente para uma relação sexual satisfatória;
  • Diminuição do número de erecções espontâneas (noturnas, matinais).

Estes sintomas podem surgir em todas ou quase todas as relações sexuais ou apenas esporadicamente.

Alguns sintomas e sinais podem estar relacionados com as doenças subjacentes à disfunção erétil como a presença de curva ou placas duras no pénis, hipertensão arterial, cansaço fácil, angina de peito (angor), claudicação (dor nas pernas pouco depois de começar a andar), diminuição da vontade sexual (libido), etc..

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A presença de erecções noturnas (durante a noite) espontâneas ou com a auto-estimulação geralmente indicia um bom funcionante da componente orgânica do mecanismo erétil e uma provável falha de origem psicogénica (medo de não atingir a erecção, stress, cansaço, etc…).

Diagnóstico da disfunção erétil

diagnóstico e estudo da disfunção erétil é feito, normalmente, pelo médico urologista (especialista em urologia).

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O primeiro passo e o mais importante no diagnóstico de disfunção erétil é a correta colheita de uma história clinica explorando o início dos sintomas, a frequência e ocasiões em que surgem, a presença de ereções noturnas ou matinais espontâneas, o sucesso da auto-estimulação, etc..

O exame físico deve ser realizado em todos os doentes, enfatizando os sistemas genitourinário, vascular e neurológico. Deve ser avaliada a pressão sanguínea, pulsos periféricos, avaliação da próstata, do tamanho e textura dos testículos e anomalias do pênis (por exemplo, hipospadias – alteração da posição do meato uretral; placas duras no corpo do pénis – Peyronie).

Existem alguns testes laboratoriais que podem ser realizados no estudo das diferentes causas da disfunção erétil como: avaliação do estado hormonal (testosterona, globulina de ligação de hormonas sexuais, hormona luteinizante [LH], prolactina, hormonas da tiroide), avaliação do colesterol e diabetes (hemoglobina A 1c, perfil lipídico), análise de urina ou testes funcionais específicos (prova vasoativa com prostaglandina, ecodoppler peniano, teste noturno de tumescência peniana, teste neurológicos, angiografias, etc..

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O doente não deve ter qualquer tipo de receio ou vergonha em procurar o médico urologista, tendo em vista o diagnóstico e instituição de um plano de tratamento.

Complicações da disfunção erétil

A disfunção erétil vai inevitavelmente causar alguma ansiedade ou mesmo estados de depressão, sendo vital para os doentes manterem o seu relacionamento com o parceiro ou cônjuge o mais regular possível até que seja encontrada uma solução. As mais recentes e variadas técnicas terapêuticas podem ajudar mais de 90% dos problemas de ereção.

A maioria das complicações mais graves registadas em doentes com disfunção erétil estão dependentes da doença de base que levou ao défice da função erétil: a hipertensão arterial, a obesidade, a diabetes melitus ou a dislipidemia são doenças com predisposição ao aparecimento de patologia cardiovascular como o enfarte agudo do miocárdio ou o acidente vascular cerebral.

É fundamental nos doentes com disfunção erétil uma estratificação correta do risco cardiovascular e a promoção de medidas gerais para diminuir esse mesmo risco.

Disfunção erétil tem cura?

O tratamento da disfunção erétil depende do problema subjacente. Ou seja, apenas após diagnóstico por parte do médico se poderá instituir o plano de tratamento e que será estabelecido de acordo com as causas subjacentes.

Algumas causas respondem melhor ao tratamento farmacológico, por sua vez, outras são sede de psicoterapia sexual. Assim, a probabilidade de cura definitiva varia com a gravidade da disfunção assim como com a patologia (doença) subjacente a esta.

Novas e variadas técnicas terapêuticas têm vindo a ser desenvolvidas, permitindo resolver mais de 90% dos problemas relacionados com a impotência sexual masculina.

Saiba, de seguida, como tratar a disfunção erétil.

Disfunção erétil – tratamento

Todos os doentes devem ser incentivados à prática de hábitos saudáveis como o exercício físico regular, a perda de peso, fazer uma alimentação cuidada, rica em vitaminas e anti-oxidantes e pobre em gorduras, a evicção tabágica e alcoólica. O correto controlo da tensão arterial, do colesterol e das glicemias é fundamental nos doentes que sofrem destas patologias.

Muitos pacientes com impotência sexual também apresentam doenças cardiovasculares; assim, o tratamento da disfunção erétil deve levar em consideração os riscos cardiovasculares.

Os tratamentos mais comuns para a disfunção erétil incluem:

  • Aconselhamento sexual, se há causas não orgânicas para a disfunção;
  • Medicamentos (ou remédios) orais:
    • Inibidores da fosfodiesterase tipo 5 (PDE5) – Sildenafil, Vardenafil, Tadalafil, Avanafil;
    • Terapêutica de substituição hormonal: em casos de défice hormonal (testosterona em preparações orais – raramente usadas -, injetáveis, gel e transdérmicas;
  • Medicamentos aplicados localmente (prostaglandinas tópicas uretrais);
  • Medicamentos para Injeção peniana: recomendados em pacientes refratários (sem eficácia) ou com contra-indicação à medicação tópica ou oral. São exemplos as prostaglandinas intracavernosas;
  • Dispositivos externos de vácuo e constrição;
  • Cirurgia (ou operação), como por exemplo as próteses do pénis.

O recurso a ervas, chã ou outros produtos naturais pode ser perigoso caso não seja recomendado pelo seu médico. Muitos dos produtos vendidos no “mercado negro” ou em sites da Internet são de origem muito duvidosa e podem comprometer gravemente a sua saúde podendo inclusive originar graves doenças ou mesmo a morte. O melhor tratamento ou remédio caseiro é mesmo modificar o estilo de vida para melhorar a função vascular de cada um (por exemplo, não fumar, ter cuidados com a alimentação, manter o peso corporal ideal e fazer exercício físico de uma forma regular).

O doente não deve em caso algum automedicar-se sob pena de poder agravar o problema e inclusive colocar a sua própria vida em risco. Deve tomar a medicação atrás descrita ou outra eventualmente prescrita pelo médico, sempre de acordo com a prescrição médica e acabar a terapêutica apenas quando for indicado.

Nunca é de mais referir que as diferentes técnicas terapêuticas podem ajudar a resolver mais de 90% dos casos de disfunção erétil. Neste sentido, é muito importante que o doente não tenha qualquer tipo de vergonha em procurar o médico, de modo a diagnosticar o problema e instituir um plano de tratamento para o seu caso.

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