Eleição presidencial D-4/Brasil: A eleição do Brasil, a feira da treta

Antes da segunda volta, a 30 de Outubro, o tribunal eleitoral procura limitar a difusão de falsas notícias e difamação nas redes sociais. Um exercício praticado mais pelos apoiantes de Bolsonaro do que pelos apoiantes de Lula.

O Tribunal Superior Eleitoral Brasileiro (TSE) constituiu-se como um baluarte contra a proliferação de informação falsa a ser difundida nas redes sociais ao longo de toda a campanha. A sua última decisão nesta área remonta a quinta-feira, e permite-lhe remover rapidamente conteúdos fantasiosos, odiosos ou difamatórios. A seu pedido, as plataformas devem remover qualquer publicação irregular no prazo de duas horas, sob pena de multa entre 100.000 e 150.000 reais (19.000 a 28.000 euros) por hora de atraso. Os apoiantes de Jair Bolsonaro descreveram as decisões do TSE como “censura” e um ataque à liberdade de expressão.

“Lula fechará as igrejas”

Este hábito de desinformação, que é generalizado no Brasil onde a maioria da população obtém a sua informação principalmente dos grupos da WhatsApp, constitui “uma corrosão da democracia”, disse o juiz Alexandre de Moraes, presidente do TSE. Na quinta-feira, 20 de Outubro, encontrou-se com os responsáveis das campanhas de Lula e Bolsonaro, e no dia anterior encontrou-se com representantes do Facebook, Instagram, WhatsApp, Google, TikTok, Telegram e YouTube.

Algumas destas informações falsas têm circulado durante vários meses. Lula é regularmente acusado de querer legalizar a venda de drogas, ou liberalizar o aborto (actualmente autorizado apenas em casos de violação, risco vital para a mãe ou grave malformação do feto). A história mais popular entre os opositores do candidato de esquerda, especialmente entre os 30% de brasileiros que seguem cultos evangélicos, é que ele planeia fechar igrejas se for eleito. No campo de Lula, o presidente da extrema-direita tem sido regularmente associado ao canibalismo e à pedofilia.

No seu canal YouTube, o TSE também publica vídeos de verificação de factos, sob o título “Fato ou boato” (“fact or boato”). Alguns exemplos: não, o TSE não censurou a estação de rádio Bolsonista Jovem Pan, apenas exigiu que fosse concedido um direito de resposta à coligação de esquerda Hope of Brazil, após uma difamação no ar. Não, os hackers dos serviços secretos russos nunca alertaram o exército brasileiro sobre um hacking do sistema eleitoral (o próprio Ministério da Defesa negou esta fofoca). Não, em nenhuma cidade o total de votos de Lula excedeu o número de eleitores registados.

Os truques do filho de Bolsonaro

O número modesto de opiniões destes vídeos curtos (20.000 na sua maioria) mostra, contudo, o seu fraco impacto na opinião, enquanto que informações falsas, acompanhadas de documentos falsificados ou mal interpretados, podem acumular milhões de réplicas quando circulam de grupo para grupo.

Os truques sujos da campanha não se limitam a notícias falsas. Flavio Bolsonaro, um deputado e filho do presidente cessante, especializou-se mesmo em manipulações. Na segunda-feira, publicou um sequestro de um desenho de Montanaro, cartoonista do diário Folha de S. Paulo. Depois de Lula se recusar a participar num debate televisivo com o seu oponente na sexta-feira, o candidato do Partido dos Trabalhadores é mostrado na nova versão lamentavelmente escondido atrás da sua secretária, enfrentando um bolonaro de pé. No dia anterior, o filho mais velho do presidente já tinha chocado as pessoas ao afixar uma fotomontagem grosseira na qual o jornalista e influenciador Casimiro, um proclamado apoiante de Lula, é mostrado segurando balões com a forma do número 22, o número da cédula do candidato da extrema-direita.

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