OMS nega acusações do Trump sobre financiamento da agência

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recusou nesta quarta-feira (8), as acusações do Presidente americano Donald Trump que ontem disse que a agência centrou a sua acção contra a pandemia da Covid-19 na China e que era hora de cortar financiamentos.

“Ainda estamos na fase aguda de uma pandemia, então agora não é hora de reduzir o financiamento”, disse o director regional da OMS para a Europa, Hans Kluge, em conferência de imprensa virtual em resposta a uma pergunta sobre os comentários de Trump.

Hans Kluge acrescentou que “um aumento dramático de casos no outro lado do Atlântico distorce um quadro muito preocupante na Europa”, e lembrou que “ainda temos um longo caminho a percorrer na maratona”, falou.

Por seu lado, Bruce Aylward, consultor do director-geral da OMS, também defendeu a relação da agência com a China, dizendo que o trabalho com as autoridades de Pequim era importante para entender o surto, que começou em Wuhan.

“Foi absolutamente fundamental, no início da pandemia, ter acesso total a tudo o que era possível, entrar em campo e trabalhar com os chineses para entender isso”, afirmou, acrescentando que foi feito o mesmo “com todos os outros países afectados, como a Espanha”.

Aylward também defendeu as recomendações da OMS para manter as fronteiras abertas, apontando que a China trabalhou muito para identificar e detectar casos precoces e seus contactos, além de garantir que essas pessoas não viajassem para conter o surto.

O presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, prestou a sua solidariedade à Organização Mundial de Saúde e ao seu director-geral, Tedros Ghebreyesus.

Mahamat escreveu que esta “surpreso” com a “campanha dos Estados Unidos contra a liderança global da OMS”, continuando, “a União Africana apoia totalmente a OMS e o Dr. Tedros. O foco deve manter-se no combate colectivo à Covid-19 como uma comunidade global. A altura para a responsabilização chegará”, frisou.

A onda de solidariedade inclui ainda os governos da Nigéria, Namíbia, África do Sul e Ruanda.

O governo da Nigéria disse que “apoia totalmente a OMS e o seu director-geral Dr. Tedros. Estamos gratos pela liderança e orientação que a OMS tem prestado em resposta a esta pandemia”.

Reforçando as palavras de Moussa Faki Mahamat, Cyril Ramaphosa, Presidente da África do Sul, também considerou a liderança da OMS durante esta pandemia de “excepcional”.

Paul Kagame, Presidente do Ruanda, questionou se é Tedros, a OMS ou a China que “estão sob ataque”, ou todos eles juntos, acrescentando “vamos focar-no na pandemia, quem quer que seja que tenha que ser responsabilizado será mais tarde e de forma apropriada. Poupem-nos do excesso de política que África não precisa. Quem precisa?

Na terça-feira (7), na conferência de imprensa diária na Casa Branca sobre a pandemia no país, Trump afirmou que vai suspender “as quantias destinadas à OMS”.

“A OMS estava realmente errada”, escreveu o seguinte na sua conta twitter “por alguma razão, é amplamente financiada pelos Estados Unidos, mas muito focada na China. Vamos dar uma olhada mais de perto….”

Após a entrevista, Trump negou que tivesse dito que vai retirar a ajuda financeira, apesar de ter feito a declaração na presença de jornalistas minutos antes.

“Eu disse que vou dar uma olhada nisso”, concluiu.

Os Estados Unidos são o principal contribuinte da OMS.

Em 2019, as contribuições para a agência ultrapassaram 400 milhões de dólares, quase o dobro da segunda maior doação dos outros Estados membros. A China, por outro lado, contribuiu com 44 milhões de dólares.


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