Alguns casais parecem atravessar tempestades sem vacilar, enquanto outros se desmoronam ao menor desentendimento. Uma nova pesquisa da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign revela finalmente o que distingue os relacionamentos duradouros daqueles que se deterioram, com resultados por vezes contraintuitivos.

A investigação envolveu 192 casais heterossexuais casados, analisando comportamentos variados como gestão das tarefas domésticas, uso das redes sociais, abertura emocional e reação a situações de stress. Cada participante respondeu a um questionário detalhado, avaliando tanto seus próprios esforços quanto a percepção sobre o comportamento do parceiro.

Satisfação pessoal: o alicerce discreto, mas decisivo

Os resultados indicam que a satisfação pessoal é um dos fatores mais determinantes para a estabilidade do casal. « Quando ocorre um evento stressante, um casal satisfeito reage de forma mais positiva do que um menos satisfeito », explica Yifan Hu, doutorando em Desenvolvimento Humano e Estudos Familiares.

Segundo a psicóloga clínica Amélie Boukhobza, a percepção sobre a própria vida influencia profundamente a relação. « Se estamos satisfeitos com a nossa vida, avaliamos mais positivamente o comportamento do outro. Isso reforça a confiança mútua, criando uma dinâmica positiva. » Em outras palavras, quanto mais nos sentimos bem conosco, mais capacidade temos de reconhecer o melhor no parceiro.

Ser diferente: os benefícios inesperados da complementaridade

A pesquisa demonstra que a harmonia não surge da semelhança perfeita. Parceiros com comportamentos distintos frequentemente mostram maior resiliência, possuindo um repertório mais amplo de estratégias de adaptação. Enquanto uns enfrentam obstáculos com otimismo, outros recorrem ao realismo ou à estratégia.

Mesmo os desentendimentos podem fortalecer a relação, desde que haja uma base sólida comum. « O debate e a diferença são enriquecedores, desde que os fundamentos do casal permaneçam alinhados », ressalta o estudo.

Comunicação sincera: a receita silenciosa da intimidade duradoura

A terceira chave identificada é a comunicação autêntica. Não se trata de conversas superficiais, mas da capacidade genuína de ouvir o outro, mesmo durante conflitos. « A dinâmica do diálogo é indispensável. Não se trata apenas de compreender o outro, mas de afastar-se suficientemente de si mesmo para tentar ouvi-lo », explica Amélie Boukhobza.

Essa postura de escuta sem julgamento permite superar mal-entendidos, criar um espaço comum de ajustamento e, sobretudo, manter viva a vontade de permanecer juntos. Assim, a longevidade de um casal dependeria mais da qualidade do vínculo construído ao longo do tempo do que do amor romântico no sentido tradicional.