Depois da Assembleia Geral que indicou novos nomes para o Conselho de Administração (de 13 membros) do BCI, com dois moçambicanos (Rogério Lam e Rui Garcês, que se juntam a um terceiro, Manuel Soares), há um mal-estar, entre quadros de topo, que se resume no seguinte: volvidos quase 22 anos, até então, o BCI ainda não teve um único administrador negro, escreve a Carta de Moçambique.
De acordo com a nossa fonte, as discussões em volta do assunto, feitos em surdina, avançam com uma incongruência nas políticas de nomeação da Caixa Geral de Depósitos, o accionista maioritário, que ainda não se libertou, alega-se, de uma matriz de pensamento colonial, como fizeram outros tantos bancos que são hoje geridos como multinacionais, apontando-se o exemplo do Standard Bank, que em Moçambique tem no topo um nigeriano, e o Banco ABC, com moçambicanos na administração.
Durante estas discussões ninguém põe em causa as as competências e integridade dos três moçambicanos agora na administração executiva. Aliás, o facto de serem três já é visto como um avanço significativo, o que antes era impensável. Até bem pouco tempo eram apenas dois. “Mas de entre 13 não haver um único negro, por mais que não executivo, não faz sentido”, num banco cujo “soglan” reclama sua originalidade moçambicana: “É Daqui”. Depois de 45 anos da independência de Moçambique, essa situação é “inconcebível”.
A ausência de um representante de cor negra pode ter impacto na tomada de decisões sobre pacotes remunerativos e outros aspectos que afectem a maioria do pessoal, comenta uma fonte, que diz que o banco tem dezenas e dezenas de quadros negros moçambicanos de elevada competência. Por outro lado, alega-se, essa ausência tem impacto no negócio e na relação com clientes: “O processo de um Cossa pode ser abordado de forma enviesada”.
A composição do novo CA do banco, ainda espera de homologação pelo banco central, coisa que acontecerá muito brevemente.
Fonte: Carta