Moçambique: ONG questiona utilidade de novo aeroporto de Chongoene

« A dúvida que se coloca em relação ao aeroporto de Chongoene é se tem utilidade económica nas dimensões de atração de tráfego, oportunidades de negócios, criação de emprego, receitas fiscais e cadeia de negócios, através de ligações entre empresas », disse o diretor-executivo do CIP, Edson Cortez, em declarações.

Cortez insistiu na racionalidade económica da nova infraestrutura, assinalando que Chongoene está a menos de 30 minutos de voo do Aeroporto Internacional de Maputo.

« Sem ser perito, acredito que o Aeroporto Internacional de Maputo cumpre bem o papel do novo aeroporto em Chongoene », acrescentou.

O diretor-executivo do CIP avançou que as autoridades moçambicanas deviam aprender do prejuízo causado pelo Aeroporto Internacional de Nacala, província de Nampula, que desde que foi inaugurado nunca teve tráfego suficiente para justificar o avultado investimento ali realizado.

« Nacala, que é um autêntico elefante branco, devia ser uma lição, em termos de investimento em infraestruturas públicas ou, pelo menos, do ´timing` em que são feitos esses investimentos, porque, provavelmente, podem ser úteis num contexto futuro, mas não no atual », destacou.

Sobre a informação divulgada pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, de que o aeroporto, que leva o seu nome, foi construído com dinheiro doado pela China, Edson Cortez respondeu com a máxima: « Não há almoços grátis ».

Mas mesmo se o empreendimento tiver sido edificado com dinheiro doado, prosseguiu, devia ser avaliado o efeito reprodutivo do investimento para a economia da província de Gaza e do país.

« O Governo diz que houve estudos de viabilidade que demonstram o potencial económico do aeroporto », mas « a dúvida é a fiabilidade desses estudos, porque o país tem muitas obras faraónicas em relação às quais se disse que houve estudos de viabilidade », assinalou.

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O Aeroporto Filipe Jacinto Nyusi custou 60 milhões de dólares (53,2 milhões de euros), é o primeiro na província de Gaza, tem uma pista de 1,8 quilómetros e dimensão para receber cerca de 220 mil passageiros por ano.

Foi erguido numa área de cerca de 140 hectares, em Chongoene, distrito que fica a 233 quilómetros de Maputo.

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