Saúde: Saiba qual a eficácia contra a variante Delta

A vida pós-pandemia parece estar ao virar da esquina, mas a disseminação da variante Delta altamente transmissível tem levantado dúvidas em relação à eficácia das vacinas e obrigado a alterações estratégicas nos planos de vacinação de vários países.

É certo que os especialistas não se cansam de repetir que nenhuma vacina é 100% eficaz e que o objetivo principal de cada uma delas é proteger contra doença grave, hospitalização e morte.

Ainda assim, a proteção com apenas uma dose de vacina, que em relação às variantes anteriores era elevada, parece diminuir quando falamos da nova variante Delta, segundo os mais recentes estudos. Inclusive, vários países, entre eles Portugal, reduziram de 12 para oito semanas o intervalo entre as duas inoculações da vacina da AstraZeneca.

O que dizem os últimos estudos em relação a cada uma das vacinas aprovadas no nosso País e à eficácia que estas têm contra doença sintomática e hospitalização:

Astra Zeneca

De acordo com o mais recente estudo da agência de Saúde Pública britânica, três semanas após a toma da primeira dose, a vacina da AstraZeneca tem uma eficácia de 33% contra doença sintomática causada pela nova variante Delta (tinha 50% de eficácia em relação à variante Alpha). Para quem já tomou as duas doses, o estudo indica que a eficácia contra doença sintomática é de 80,9% (tinha 86,8% de eficácia em relação à variante Alpha).

No que respeita o risco de hospitalização, a análise da agência de Saúde Pública britânica chegou à conclusão que, após a primeira dose, a vacina da AstraZeneca tem uma eficácia de 71% (tinha 76% em relação à variante Alpha) e, após a segunda, uma eficácia de 92% (tinha 86% em relação à variante Alpha)

Pfizer

Também a vacina da Pfizer foi analisada no estudo da agência de Saúde Pública britânica,e, tal como a vacina da AstraZeneca, três semanas após a toma da primeira dose, tem uma eficácia de 33% contra doença sintomática causada pela variante Delta (tinha 50% de eficácia em relação à variante Alpha). Para quem já tomou as duas doses, o estudo indica que a eficácia contra doença sintomática é de 87,9% (tinha 93,4% de eficácia em relação à variante Alpha).

Quanto à eficácia contra o risco de hospitalização, após uma dose de vacina da Pfizer, o estudo britânico aponta para uma eficácia de 94% (tinha 83% em relação à variante Alpha) e, após a segunda, uma eficácia de 96% (tinha 95% em relação à variante Alpha)

Moderna

A vacina da Moderna que, tal como a da Pfizer, é uma vacina de mRNA, mostrou-se eficaz contra a variante Delta, após duas doses de vacina, com uma ligeira redução na resposta imunitária relativamente aquela exsitente contra o vírus original.

De acordo com um estudo divulgado pela farmacêutica norte-americana na terça feira, 29 de junho, citado pela Reuters, foram analisadas oito amostras de sangue de oito participantes, uma semana após estes terem recebido a segunda dose de vacina.

Apesar de a resposta imunológica observada, relativamente a todas as variantes, ter sido inferior à encontrada com o vírus original, a vacina mostrou-se mais eficaz a produzir anticorpos contra a variante Delta do que, por exemplo, contra a variante Beta (África do Sul).

Ainda não existe um estudo específico relativamente à eficácia contra a variante Delta apenas com a primeira dose. No entanto, Miguel Prudêncio, investigador principal do Instituto de Medicina Molecular (iMM) afirma que, “apesar de ainda não haver estudos concretos, trata-se de uma vacina do mesmo tipo da da Pfizer e, até agora, ambas têm-se comportado de forma semelhante”.

O especialista ressalva, no entanto, que, “na ciência nunca podemos ter certezas absolutas” e, apesar de não ser descabido assumir que os resultados serão parecidos, “é preciso um estudo específico para esta vacina”.

Johnson&Johnson

Se as duas vacinas de mRNA (Pfizer e Moderna), no seu esquema vacinal completo, parecem ser eficazes no combate à variante Delta, a ciência é menos clara em relação à vacina de dose única da Johnson & Johnson.

Os especialistas estão agora a considerar reforçar a dose única desta vacina com uma segunda dose de vacina de mRNA, a fim de produzir uma resposta imunológica mais robusta e duradoura contra a variante problemática.

Também neste caso ainda não existem dados concretos, mas o Instituto Nacional de Alergologia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos da América já está a realizar um ensaio clínico com americanos totalmente vacinados (com vacinas da Pfizer, Moderna ou Johnson&Johnson) aos quais dará uma dose de reforço da vacina da Moderna para ver se a estratégia funciona e é segura.

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