Na infidelidade, tanto no papel de infiel como de traído, quando surge um terceiro elemento, a vida a dois muda. Seja a verdade exposta ou escondida.
Do ponto de vista biológico, a infidelidade tem uma relação direta com o sistema de recompensa do cérebro. Este, está associado à libertação de substâncias químicas ligadas ao prazer, como a dopamina. O sistema é ativado quando fazemos sexo, ginástica ou comemos alimentos saborosos. Ao fazermos essas atividades sentimo-nos melhor o que leva a repeti-las para nos sentirmos bem.
Além disso, o sistema de recompensa faz-nos desejar ter sempre a novidade, tornando-nos numa espécie de “escravos do prazer”. Em termos biológicos, as mulheres estão mais programadas para serem fiéis do que os homens. Isto deve-se a duas hormonas que atuam de forma mais intensa no sexo feminino: a oxitocina e a vasopressina. As hormonas do amor.
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Infidelidade: quando se é traído
A atitude, face à traição continuada, de “olhos que não veem, coração que não sente” é recorrente nas consultas de coaching. Há, de facto, mulheres que referem que, caso a infidelidade não seja mostrada, “as coisas aguentam-se” e o casamento mantém-se. Estas mulheres têm geralmente três características em comum: baixa autoestima (mesmo quando são bonitas e têm um elevado nível de educação académica), baixa noção de auto-merecimento e “ferida de abandono”. Ou seja, tendem a prolongar relacionamentos que não lhes fazem bem para não se sentirem abandonadas. Isso leva-as a aguentar relações com pessoas que em nada contribuem para o seu bem-estar. Sobretudo nestes casos, é essencial ter-se a coragem de avaliar a situação pessoal de forma muito concreta. Assumir um relacionamento onde há infidelidade de forma continuada pode impedir a nossa felicidade.
«Quando a traição acontece, a primeira vontade que surge é escondê-la, mas com o passar do tempo a dúvida instala-se, sobretudo, entre quem convive pior com a culpa»
E quando se trai
Paralelamente, as mulheres nunca estiveram tão propensas a trair. Isto porque, social e financeiramente, a infidelidade tornou-se mais simples. A independência económica das mulheres é hoje maior e já não justifica manter uma relação por motivo de sobrevivência económica. Quando a traição acontece, a primeira vontade que surge é escondê-la, mas com o passar do tempo a dúvida instala-se, sobretudo, entre quem convive pior com a culpa.
O tema não é consensual, pois está condicionado pelo nosso sistema de crenças e valores enraizados, mas como coach, sou, neste assunto, radical: a verdade sempre. Viver com o peso da culpa é viver na mentira, o que provoca um elevado gasto energético. Eleva os nossos níveis de stresse, de angústia e de ansiedade. Inunda-nos de energia negativa. A culpa de uma infidelidade é altamente corrosiva ao ponto de nos levar a adoecer, nomeadamente com depressão. A culpa corrói as emoções, altera a forma como reagimos e como nos relacionamos.
Altera a nossa personalidade e os nossos comportamentos para com o nosso parceiro e para com a nossa família e amigos. Esconder a traição pode funcionar ao curto prazo, mas, mais cedo ou mais tarde, começamos a não conseguir conviver com esse peso. O nosso cérebro recusa a incoerência e isso vai começar a refletir-se na forma como nos sentimos e, consequentemente, na forma como nos comportamos. A relação acaba por se degradar e a ruptura torna-se inevitável.
Como contar uma infidelidade?
Contando. Ter coragem para assumir que falhámos. Sem desculpas. Sem evocar razões especiais. Sem culpar o outro. Independentemente de já não amarmos o nosso parceiro ou dele nos ter traído em primeiro lugar, nada — na minha opinião — justifica manter uma mentira.