Mundo: A cimeira dos BRICS tem início na terça-feira, com cerca de vinte países a esperarem juntar-se ao grupo

Esta semana, de terça-feira 22 a quinta-feira 24 de agosto, realiza-se em Joanesburgo, na África do Sul, a cimeira dos BRICS, que reúne o Brasil, a Rússia, a Índia, a China e a África do Sul. Os debates centrar-se-ão no tema “BRICS e África”, não estando excluída a possibilidade de alargar o grupo a alguns países africanos. Dezenas de países pediram para aderir aos BRICS, na esperança de criar uma nova ordem mundial que os beneficie mais do que a atual.

A cimeira dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), um grupo de países que pretende servir de contrapeso à influência ocidental, realiza-se esta semana, de terça-feira 22 a quinta-feira 24 de agosto, em Joanesburgo, na África do Sul. O bloco, que produz quase um quarto da riqueza mundial (23%) e tem 42% da população mundial, apela a um equilíbrio económico e político mundial multipolar, nomeadamente em relação aos Estados Unidos e à União Europeia.

Os chefes de Estado do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da China, Xi Jinping, estarão presentes. Xi Jinping deixou o seu país na segunda-feira, 21 de agosto, com destino à África do Sul, de acordo com um relatório da imprensa oficial. A sua estadia no país africano será a sua segunda viagem ao estrangeiro do ano, após uma visita à Rússia em março. O Presidente russo, Vladimir Putin participará na reunião por videoconferência. A Rússia será representada pelo seu Ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, e a Índia pelo seu Primeiro-Ministro, Narendra Modi.

Cerca de cinquenta chefes de Estado “amigos dos Brics” são igualmente esperados na cimeira, que decorre até quinta-feira, 24 de agosto. O tema da reunião é “BRICS e África”. Na ordem de trabalhos da cimeira de Joanesburgo deste ano estará o possível alargamento dos BRICS.

África é um novo desafio diplomático para o Ocidente, a Rússia e a China, que disputam a sua influência num contexto de divisões alimentadas pelo conflito na Ucrânia e pelas tensões entre a China e os Estados Unidos. O aumento do número de membros dos BRICS poderá dar mais peso ao bloco e à sua mensagem de reforma global.

Potenciais candidatos

Cerca de quarenta países solicitaram a adesão ou manifestaram interesse em aderir ao grupo, incluindo o Irão, a Argentina, o Bangladesh e a Arábia Saudita. Cerca de vinte destes países apresentaram um pedido formal de adesão.

O Irão e a Venezuela, que estão sujeitos a sanções, procuram reduzir o seu isolamento e esperam que o bloco possa aliviar as suas economias debilitadas. “Outras estruturas de integração global estão fartos pela visão hegemónica do governo dos EUA”, disse Ramón Lobo, antigo ministro das finanças e governador do banco central da Venezuela, à Reuters.

A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos vêem os BRICS como uma forma de desempenhar um papel mais importante nos organismos globais, dizem os analistas. A Etiópia e a Nigéria, por sua vez, são atraídas pelo compromisso do bloco com reformas nas Nações Unidas que dariam mais voz ao continente africano.

Outros países ainda querem mudanças na Organização Mundial do Comércio, no Fundo Monetário Internacional e no Banco Mundial. “A Argentina tem insistido numa reconfiguração da arquitetura financeira internacional”, disse à Reuters um representante do governo argentino envolvido nas negociações de adesão aos BRICS.

Embora nenhuma lista oficial de candidatos tenha sido divulgada pelos BRICS, espera-se que os líderes dos países do bloco discutam uma estrutura para a admissão de novos membros.

Baralhar as cartas da ordem mundial

Os potenciais candidatos partilham um objetivo comum: criar uma nova ordem mundial que lhes seja favorável. E muitos vêem a possibilidade de aderir aos BRICS como uma forma de atingir esse objetivo. Desde a criação do grupo, a promessa dos BRICS de defenderem o “Sul global” foi bem recebida.

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