No domingo, 17 de setembro, o exército publicou um pedido de ajuda nas redes sociais, depois de ter perdido o rasto a um avião furtivo F-35, no valor de 80 milhões de dólares. O apelo foi recebido com escárnio e críticas.

Como é que se encontra um avião construído para não ser detectado? Foi esta a questão que o Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos teve de enfrentar com urgência, no domingo, 17 de setembro, depois de ter perdido o rasto, algures sobre a Carolina do Sul, de um caça furtivo F-35B Lightning II, o porta-estandarte da frota naval norte-americana, que custa 80 milhões de dólares (75 milhões de euros) por avião. A base militar de Charleston, a maior cidade do estado, teve mesmo de apelar à ajuda dos civis, o que provocou troça e críticas. Desde então, o exército anunciou ter encontrado os destroços do avião na tarde de segunda-feira, no norte do estado, embora não tenha dito se foram encontrados graças a uma denúncia de um civil.

Difícil de detetar por radar

O avião perdeu-se depois de o seu piloto se ter ejectado de emergência, um procedimento normalmente reservado a situações de perigo, por uma razão que ainda não foi comunicada. O Pentágono não conseguiu então encontrar o aparelho. Segundo o porta-voz da Base Aérea de Charleston, Jeremy Huggins, que falou ao Washington Post, os aviões F-35 estão equipados com um transponder, um recetor transmissor que permite a sua localização, mas “por alguma razão que ainda não determinámos”, não estava claramente a funcionar no avião acidentado.

Por esta razão, os fuzileiros navais americanos foram obrigados a pedir ajuda aos habitantes locais, publicando no Twitter (rebaptizado X): “Se tiverem alguma informação que possa ajudar as nossas equipas a localizar o F-35, por favor liguem para o Centro de Operações de Defesa da Base”. As reacções e especulações não tardaram a surgir. Como o exército nunca especificou o estado do avião, houve quem especulasse que o piloto poderia ter colocado o avião em piloto automático antes de se ejetar, e que este continuava a voar de forma completamente autónoma, no chamado modo “zombie”. Um cenário oportuno, uma vez que o F-35 foi especificamente concebido para ser difícil de detetar por radar.

“Como é que se perde um F-35?”

A representante republicana da Carolina do Sul, Nancy Mace, expressou consternação com a situação. “Sabíamos que o F-35 era furtivo, mas isto é ridículo”, escreveu no X, antes de acrescentar: “Como é que se perde um F-35? Como é possível que não exista um dispositivo de localização e que se peça ao público para… o quê? Encontrar um avião e entregá-lo às autoridades? A direita republicana, sempre pronta a deitar lenha para a fogueira, foi rápida a culpar os militares de Biden, supostamente “despertos”, pelo incidente.

Outros divertiram-se mais, imaginando o que poderia ter acontecido à nave e respondendo com humor ao tweet muito oficial da Base Aérea de Charleston. Alguns trataram o avião desaparecido como se fosse um animal desaparecido, fazendo fotomontagens de cartazes de procurado que diziam “F-35 desaparecido. Recompensa de 500 dólares”. Um utilizador da Internet publicou uma imagem photoshopada que mostrava o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky todo sorridente em frente a um F-35 e a perguntar ao exército se tinham “verificado na Ucrânia”. A imagem era uma referência aos pedidos recorrentes de entrega de caças ao seu país para combater a invasão russa.