Uma aliança de países que engloba Otan e UE (União Europeia), além de Japão, Austrália e Nova Zelândia, formalizou acusação contra a China pelos ataques cibernéticos ocorridos em março contra servidores da plataforma de mensagens Microsoft Exchange. O ataque atingiu cerca de 250 mil servidores, expondo dados de governos e seus departamentos de defesa, empresas e organizações civis.
A invasão havia sido exposta imediatamente depois de ocorrida, e desde então a China era informalmente apontada como responsável. Porém, a aliança levou mais de quatro meses para formalizar a acusação, a fim de investigar o caso a fundo e produzir provas contra Beijing.
Daqui em diante, o objetivo dos países é unir esforços para combater a ameaça digital, através do compartilhamento de inteligência e tecnologia.
Nesta segunda-feira (19), em comunicado divulgado pela Casa Branca, o presidente norte-americano Joe Biden citou nominalmente a China. Segundo ele, a aliança de países tem como objetivo “expor o uso de hackers criminosos pela RPC (República Popular da China) para conduzir operações cibernéticas não sancionadas em todo o mundo, inclusive para seu próprio lucro pessoal”.
Os autores do ataque teriam sido quatro hackers chineses pertencentes ao grupo Hafnium e vinculados ao MSS (Ministério de Segurança Estatal da China, da sigla em inglês). Segundo Washington, não se trata de um caso isolado, e sim de “uma campanha de vários anos visando governos e entidades estrangeiras em setores-chave, incluindo marítimo, aviação, defesa, educação e saúde em pelo menos uma dúzia de países”.
Diferente do que ocorreu com a Rússia, também acusada de patrocinar ataques cibernéticos, o governo dos EUA não impôs sanções financeiras ou comerciais imediatas à China, segundo a rede norte-americana CNBC. Mas essa hipótese não está descartada, segundo a Casa Branca.
O Reino Unido, por sua vez, listou uma série de grupos hackers ligados ao MSS e responsáveis por ataques com objetivo políticos e comerciais. Segundo o jornal britânico Independent, as invasões digitais atingiram empresas do setor de defesa na Europa e nos EUA, políticos e outros críticos de Beijing e o parlamento da Finlândia.
Os hackers também teriam atuado para manipular eleições em países vizinhos à China e em nações cujos governos se opõem ao programa Nova Rota da Seda, que o governo chinês usa como arma de manipulação financeira por meio da oferta de empréstimos globais